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Postado em 09/03/2016 - 4:44
Rodrigo Braga inaugura mostra no Espaço Cultural BNDES, no Rio; confira galeria de imagens
Conceitos do fotógrafo Jeff Wall inspiram obras da exposição que inaugura nesta quarta-feira (9)

O conceito cunhado pelo renomado artista canadense Jeff Wall que divide os fotógrafos em duas categorias, caçadores e agricultores, serviu de inspiração para o título da exposição do artista plástico Rodrigo Braga, Agricultura da Imagem. Idealizada pelo ICCo – Instituto de Cultura Contemporânea, organização de fomento à arte sediada em São Paulo, e com curadoria do diretor artístico do Instituto, Daniel Rangel, a mostra estará em cartaz de 9 de março a 15 de abril de 2016, na Galeria do Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro.

“Segundo Wall, o fotógrafo caçador captura imagens que encontra no mundo. Já o agricultor, constrói a imagem antes de fotografá-la. Um processo de trabalho realizado constantemente por Rodrigo que parece estar buscando imagens que já existem em sua cabeça, um eterno deja vu imagético”, destaca o curador da mostra.

Rodrigo Braga nasceu no Amazonas em 1976, mudou-se para Pernambuco aos dois anos e vive no Rio de Janeiro desde 2011. O deslocamento entre esses três estados e sua experiência com os diferentes biomas e culturas de cada um deles é material para a maior exposição de sua carreira. Agricultura da Imagem apresenta 30 fotografias e três vídeos (Mentira repetida – 2011, Venoso e arterial – 2013, Da natureza passional – 2014), além de registro de processos, objetos encontrados nas investigações em campo e duas instalações – sendo que uma delas foi pensada especialmente para a entrada do edifício do BNDES.

Filho de biólogo, o artista se utiliza de um peculiar método de criação que marca sua trajetória artística: ele mergulha na natureza local mais inóspita em busca de cenários e elementos para compor suas fotos e realizar seus vídeos. A imersão em cada lugar dura geralmente um mês, em solidão, quando, como um bom agricultor de imagens, ele “aduba” as paisagens que vão compor as fotografias com elementos que encontra pelo caminho, como folhas, pedras e ossos, e outros que compra em mercados e feiras locais, como carcaças de animais.

 

“Minhas fotos são fictícias, totalmente produzidas. Percorro as regiões em busca de elementos, paisagens e experiências locais e faço desenhos em meu caderno de croquis, que no futuro se transformarão no trabalho final”, explica Braga. Esses rascunhos estarão presentes na mostra em cartaz no Rio de Janeiro, numa espécie de gabinete do artista, onde os visitantes descobrirão como funciona o processo criativo do artista. Para a exposição, o artista explorou o Rio Negro, no Amazonas, o litoral de Pernambuco e os cursos d’água da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Trabalhando com o conceito de mímesis na composição das fotos, ele mistura elementos naturais e mostra como se complementam e se assemelham. “Um peixe pode se transformar numa folha, assim como penas sugerem folhas”, diz. Em um de seus trabalhos, por exemplo, ele recolheu fragmentos de peixes descartados por pescadores. O uso das carcaças, uma marca em seu trabalho, também o ajuda a discutir o sentido cíclico da morte, de transformação e integração, tão marcante na natureza e presente nas obras de Agricultura da Imagem. Segundo o curador, “a relação de Rodrigo com a natureza é ainda mais direta na sua produção audiovisual. Ao fazer suas ações performáticas, que dão origem aos vídeos, ele busca um dialogo direto entre homem e natureza”.

Serviço
Galeria BNDES – Espaço Cultural BNDES
Av. Chile, 100, Centro, Rio de Janeiro
De 9 de março a 15 de abril
De segunda a sexta, das 10h às 19h