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Postado em 02/06/2015 - 4:49
A palavra como centro gravitacional das artes visuais
Nas bancas a partir desta semana, a próxima edição da seLecT tem como eixo temático a Palavra. Entre os destaques, uma entrevista com Nuno Ramos, artista visual que se dedica também à literatura; além de uma nova seção da revista dedicada à arte e educação
Paula Alzugaray

Nesta edição dedicada à Palavra, seLecT reafirma seu projeto de conectar as diversas linguagens culturais por meio das artes visuais. O leitor encontrará aqui o uso das palavras como matéria-prima do trabalho artístico de Fabio Morais, Fabio Miguez, Dominique Gonzalez-Foerster, Luis Camnitzer, ou do jovem artista do grafite e poeta marginal Thiago Cervan. Encontrará o texto como rota intelectual de artistas visuais como Nuno Ramos e José Rufino, que acabam de publicar novos trabalhos. E se defrontará, também, com o pensamento sobre arte.

No Fogo Cruzado desta edição, ouvimos críticos e jornalistas culturais que atribuem a decadência da crítica de arte à crise estrutural enfrentada pela grande imprensa no Brasil. Mas, além desse diagnóstico, e antes que ele se cristalize como um ponto pacífico irreversível, detectamos vozes que procuram saídas possíveis. Como a de Rodrigo Moura, diretor artístico do Inhotim, que aponta para a necessidade de se criarem mecanismos de estímulo à crítica, “exigindo que as pessoas do meio da arte leiam mais”.

Aqui entra mais uma vez seLecT, que, contra vento, tempestade e escassez de estímulos, se mantém firme em seu projeto de oferecer à sociedade e ao meio especializado da arte um espaço para as ideias e a reflexão.

Com isso, temos a satisfação de inaugurar nesta edição de número 24 uma seção dedicada à educação pela arte. Nela abordaremos novos modelos e projetos de caráter experimental e interdisciplinar que possam contribuir para a formação cultural e artística brasileira. Na matéria inaugural, enfocamos o projeto de suporte à alfabetização escolar realizado pela Flip, a Feira Literária Internacional de Paraty, que tem por objetivo a ampliação dos índices de leitura em uma das cidades mais carentes e violentas do estado do Rio de Janeiro.

Nas páginas de resenhas – a seção Reviews –, ratificamos a existência da crítica de arte na grande imprensa, publicando este mês o comentário de Cristiana Tejo sobre a 56ª Bienal de Veneza. A seção Coluna Móvel, que também é um espaço talhado para ensaios críticos, traz o texto de Lisette Lagnado sobre os embates éticos envolvidos na abertura dos diários de um artista, colocando a questão: em que medida esta palavra tornada pública ilumina o trabalho de um artista como Leonilson? Além disso, em todo o farto corpo editorial da revista está presente nosso comprometimento não com o fato, mas com o pensamento artístico.

Estamos aqui para mostrar que, mesmo que a imprensa e o jornalismo cultural estejam ameaçados no Brasil, é possível reinventar espaços onde a palavra possa vibrar.

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