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Obra de Rosana Paulino (Foto: Reprodução)
Postado em 08/02/2016 - 12:00
Acervos: feminismo
Não existe um verbete sobre “arte feminista” na Enciclopédia Itaú Cultural e o termo tampouco está categorizado na história da arte. Mas entre os artistas biografados e os projetos do instituto encontramos pioneiras que contribuem para a discussão

Nazareth Pacheco
(São Paulo, SP, 1961)
Artista visual. Desde o início de sua trajetória, volta-se ao campo tridimensional. Suas primeiras peças são realizadas em borracha e apresentam pinos pontiagudos do mesmo material. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, elas já revelam uma carga de agressividade, por sua semelhança com objetos de tortura. (…) Nos anos seguintes, sua reflexão extrapola a questão pessoal e passa a considerar o corpo feminino como lugar de práticas médicas que visam adaptá-lo a “aprimoramentos estéticos”.

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Abigail de Andrade
(Vassouras, RJ, 1864 – Paris, França ca. 1890)
Pintora e desenhista. Inicia os estudos de desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1882, um ano após o decreto que permite a frequência feminina na escola. (…) Segundo a análise da pesquisadora Ana Paula Simioni, o reconhecimento de Abigail de Andrade como a primeira mulher a receber uma premiação na 26a Exposição Geral de Belas Artes, em 1884, representa o início de uma visibilidade institucional para as mulheres artistas no Brasil do fim do século 19. (…) Celebrada pelo crítico Gonzaga Duque como uma verdadeira profissional entre os artistas amadores, Abigail de Andrade faz, no fim do século 19, uma pintura considerada “moderna”, que valoriza as temáticas então tidas como inovadoras, cenas de gênero que envolvem o cotidiano popular.

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Rosana Paulino
(São Paulo, SP, 1967)
Artista visual, pesquisadora e educadora. Desde o início de sua carreira, vem se dedicando por sua produção ligada a questões sociais, étnicas e de gênero. Seus trabalhos têm como foco principal a posição do negro e, principalmente, da mulher negra dentro da sociedade brasileira. Ana Paula Simioni, professora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), chama a atenção para a capacidade da obra de Paulino de operar subversões dos sentidos tradicionalmente atrelados às “faturas femininas”, como as artes têxteis e o bordado.

Projetos

Maria Duschenes (Foto: Reprodução)
Maria Duschenes (Foto: Reprodução)

Ocupação
É possível reconhecer em todas as artistas, escritoras, compositoras e criadoras homenageadas pelo Ocupação (projeto criado para fomentar o diálogo da nova geração de artistas com os criadores que os influenciaram) importantes contribuições para a emancipação da mulher e a discussão de temas relacionados ao feminismo. Entre elas, Hilda Hilst, defensora mordaz da igualdade das mulheres no meio literário e exemplo de quebra de paradigmas; Dona Ivone Lara, primeira compositora de samba-enredo de uma escola do primeiro grupo do Carnaval carioca; e Maria Duschenes, introdutora do método Laban no Brasil e responsável por um projeto artístico-educacional que contribuiu de maneira decisiva para o desenvolvimento da dança paulistana e brasileira. Duschenes será homenageada na Ocupação em abril de 2016.