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Ju e Todo Pessoal (2006), de Leda Catunda (Foto: Eduardo Ortega/Cortesia Galeria Fortes Vilaça)
Postado em 21/07/2014 - 6:20
Afinidades
Laços conceituais, colaterais ou de sangue revelam ascendências ou parentescos artísticos
Mario Gioia

Leda Catunda (1961)

Aluna de Nelson Leirner e Regina Silveira, Leda Catunda é egressa da Geração 80, e um de seus principais nomes. A originalidade de sua produção passa, principalmente, pelo emprego de suportes pouco usuais, criando trabalhos com forte acento pictórico – característica de muitos de seus colegas à época, como Nuno Ramos e Rodrigo Andrade, alguns dos participantes do grupo Casa 7 – em superfícies como plásticos e lonas, resultando obras que ligam o bidimensional ao tridimensional.

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OPI190 (2012), de Renata Egreja (Foto: Cortesia Zipper Galeria)

Renata Egreja (1984)

Graduou-se em Paris, na Escola de Belas Artes, onde teve aulas com artistas importantes, como o italiano Giuseppe Penone, ligado à arte povera. Dona de um particular estilo dentro do cenário da pintura no Brasil, tem ligações com artistas tão diversos, como Annette Messager e Daniel Richter. No entanto, utiliza esses referenciais internacionais junto a fortes heranças do ‘prazer de pintar’ oitentista de nomes como Leda Catunda e Jorge Guinle.

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Composição Óbvia (1953), de José Oiticica Filho (Foto: Cortesia Projeto Hélio Oiticica)

José Oiticica Filho (1906-1964)

É um dos principais nomes da fotografia moderna no Brasil. Passeou por diversas fases, sempre com um dado experimental, como o registro científico, o fotoclubismo, a busca da abstração e a linguagem construtiva. Com formação em engenharia, envereda pelo estudo dos insetos, atividade que vai impulsionar suas experiências na fotografia. Fotoclubista de prestígio também no exterior, o principal de sua produção remonta aos anos 1950-1960, quando faz do laboratório um campo de ‘testes’ e une princípios da pintura e da fotografia.

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Parangolé P15, Capa II, Incorpora a Revolta (1967) (Foto: Reprodução fotográfica Cláudio Oiticica/ Cortesia Projeto Hélio Oiticica)

Hélio Oiticica (1937-1980)

Filho de José, é, indubitavelmente, sinônimo do que é a arte contemporânea brasileira, especialmente em âmbito externo, dividindo nesse sentido as atenções com Lygia Clark (1920-1988). Aluno de Ivan Serpa (1923-1973), desde o início de sua atividade como artista está engajado nas tendências construtivas, sendo especialmente ativo com o neoconcretismo. Para além dos Metaesquemas (1957-1958), desenvolvidos a partir dos anos 50, torna-se um dos principais expoentes da vertente de arte e vida, com obras que pedem a participação do público, como as vestes Parangolés (1965) e a instalação Tropicália (1967). Infelizmente, em 2009, parte do acervo do artista, e também do seu pai, José Oiticica Filho, sofre perdas com um incêndio.

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Placa de intervenção de Paulo Nazareth (Foto: Cortesia Mendes Wood DM)

Paulo Nazareth (1977)

Especialmente com suas performances, é credenciado para ser um dos herdeiros ativos da vertente de arte e vida tão bem desenvolvida por Hélio Oiticica. Em um circuito de arte contemporânea globalizado e de cifras inflacionadas, cria conteúdos críticos e os expõe em feiras, como a Miami Basel – a instalação Art Market/Banana Market (2011) – e bienais como a de Veneza, no ano passado, quando enviou dois indígenas para contar sobre os problemas que sofrem no Brasil, à frente de uma instalação, e a de Lyon, também em 2013, quando realizou trabalhos que investigam elos nada óbvios entre a África e o Brasil.

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Tucurui, Pará (1997), de João Luiz Musa (Foto: Cortesia Luciana Brito Galeria)

João Luiz Musa (1951)

Professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), João Luiz Musa, ativo desde o fim dos anos 1970, exibe uma técnica apurada, com destacado uso do preto e branco, em carreira estável em todas essas décadas. Seus registros variam de composições formais muito refletidas até retratos captados com frescor.

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Os Buracos que Nós Cavamos (2012), de Ding Musa (Foto: Cortesia do artista)

Ding Musa (1979)

Filho de João Luiz Musa, o paulistano Ding Musa faz do fotográfico o principal vetor do seu trabalho como artista visual. Neste caso, o fotográfico não se resume à imagem emoldurada e disposta numa parede, mas também desdobrada pelo espaço, como parte de uma instalação, por exemplo, ou como produto audiovisual. Presente em coleções públicas como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e a do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), a discussão entre o natural e o construído é uma de suas principais temáticas.

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One Minute Sculptures (2006), de Erwin Wurm (Foto: Cortesia do artista)

Erwin Wurm (1954)

O austríaco Erwin Wurm, por meio de suas One Minute Sculptures (2006), renovou o tridimensional em âmbito mundial, criando uma obra irônica conectada ao banal, ao cotidiano, e fundamentada no corpo. Pessoas e objetos corriqueiros unem-se em poses cuja estabilidade é finita e frágil e, por isso, registrada em fotografias e vídeos.

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Instalação derivada de Sala de Espera (2013), de Carlito Carvalhosa exibida no MAC-USP (Foto: Paula Alzugaray)

Carlito Carvalhosa (1961)

Paulistano radicado no Rio, Carlito Carvalhosa é egresso da geração 80, pertenceu ao grupo pictórico Casa 7 e, com o tempo, voltou-se ao tridimensional. Em peça exibida atualmente na galeria Sonnabend, em Nova York, testa outra vez os limites entre estabilidade e movimento usando antigos postes urbanos, agora sobre taças e copos.

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Obra Sem Título (2007), de Nino Cais (Foto: Cortesia Central Galeria de Arte)

Nino Cais (1969)

O paulistano Nino Cais ganhou destaque na cena brasileira de arte contemporânea ao expor na 30ª Bienal de São Paulo, em 2012, apresentando uma sala-instalação em que as fricções entre o corpo e o ambiente externo, o doméstico e o público, o seguro e o instável eram almejadas. Fotografias, vídeos e objetos compunham o acumulado ambiente.

*Curadoria publicada originalmente na #select18

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artes visuais   curadoria   select 18