O bronze é nobre, monumental, de grande força histórica e requer muita habilidade para ser bem trabalhado. Apesar disso, o material desafiador é utilizado por um jovem artista brasileiro em ascensão. A arte de Flávio Cerqueira transforma o bronze bruto em seis esculturas inéditas, apresentadas em sua exposição Se Precisar, Conto Outra Vez, na Casa Triângulo.
Nela, Cerqueira coloca como tema central o olhar eurocentrista da História brasileira, em sua ausência de representação das culturas ancestrais. Como o artista explica em entrevista à seLecT, a mostra “sugere a criação de uma nova narrativa para a história de nosso país”.
Segundo Cerqueira, seu trabalho como um todo parte de suas experiências pessoais e inquietações. Porém, essa mostra foca na existência de várias versões sobre a História do Brasil e nos mitos, heróis e mudanças de papéis. “Vejo que devemos reconsiderar alguns termos que são usados para contar nossa história’’, reflete o artista paulistano.
“Cada trabalho dentro da exposição atua como pequenos contos que se relacionam no percurso”, explica Cerqueira. Além disso, os títulos das obras, assim como o da mostra, partem do discurso coloquial e conversam com o espetador diretamente. A peça Eu te Disse…, por exemplo, adverte sobre a avalanche de informações presente no mundo moderno.
Amnésia é uma escultura que exemplifica o branqueamento das memórias brasileiras ao mostrar um menino negro jogando em sua própria cabeça uma lata de tinta branca.
Com aproximadamente três metros de altura e pesando uma tonelada, destaca-se também o maior trabalho produzido pelo artista. “É a representação de uma cabeça tombada no chão fazendo referência à queda de um monumento”, explica Cerqueira.
A exposição, com curadoria de Maria Izabel Branco Ribeiro, poderá ser visitada até 11 de junho.
Serviço
Casa Triângulo
Rua Estados Unidos, 1324 – São Paulo
De 14 de maio a 11 de junho
De terça-feira a sábado, das 11h às 19h