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Postado em 01/09/2011 - 10:56
Estética Disneylândia

Em exposição irregular, Mariko Mori mostra no Brasil o hiper-real japonês

Select01-2003

Instalação Oneness 2003 de Mariko Mori- Foto: Cortesia Member Artists Right Society ARS New York /AUTVIS Brasil 2010; Sergei Illin.

Nina Gazire

Hiper-realidade, segundo a semiótica e a filosofia pós-modernas, é a incapacidade de a nossa percepção distinguir a fantasia da realidade quando confrontada com imagens tecnologicamente avançadas. A artista japonesa Mariko Mori parece trabalhar muito bem a hiper-realidade, mas esse virtuosismo se volta contra a própria obra: o real submerge completamente no reino da fantasia. Em sua primeira retrospectiva em território nacional, denominada Oneness, que esteve no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro até 10 de julho e chega ao CCBB de São Paulo em agosto, percebese bem essa “estética Disneylândia”, característica da cultura pop nipônica. Empty Dream, fotografia.

Em grande formato que mostra o Ocean Dome (Miyazaki, Japão), maior praia artificial do mundo, é exemplo disso. A convivência com uma natureza inventada é algo habitual naquelas latitudes. Mori usa e abusa dos elementos da cultura j-pop, como os personagens de estilo mangá das videoperformances Kumano (1998) e Miko no Inori (1996), presentes na exposição. Esses personagens fofos (kawaiis, em japonês) também estão na obra de Takashi Murakami e outros artistas da mesma geração de Mori. Mas a arte japonesa atual é feita só de personagens encantadores saídos de histórias em quadrinhos? A exposição parece nos deixar essa dúvida.

A curadoria é desigual e deixou de fora obras mais recentes da artista, nas quais ela mostra seu lado adulto, que repensa a tradição escultórica oriental.
As longas filas para participar de trabalhos mais interativos parecem realçar a sensação de parque de diversões. Oneness, obra-título da mostra, é muito disputada. Todos querem se ajoelhar diante dos graciosos extraterrestres que, ao serem tocados simultaneamente, acendem seus olhinhos e corações. Não se sinta surpreso ao lembrar o ET do filme de Spielberg. Mori usa clichês bastante piegas, afinal