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Olhos para o Guamá (1990), de Luiz Braga (Fotos: Divulgação)
Postado em 05/05/2016 - 6:56
Deliciosas descobertas
Luiz Braga apresenta Sideral, com 20 imagens inéditas realizadas entre 1982 e 2015
Ana Abril

“Sideral é uma aparelhagem de som que toca nos bailes populares nas cidades do interior do Pará”. É assim que o fotógrafo Luiz Braga, natural de Belém, explica o nome de sua terceira exposição individual na Galeria Leme, que acontece até o dia 11 de junho, em São Paulo.

A exposição é formada por 20 trabalhos inéditos realizados entre 1982 e 2015. As fotografias, porém, parecem idealizadas para compartilhar o mesmo espaço. Em entrevista à seLecT, Braga explica: “Uma das características de minha fotografia é ser atemporal. Não há fases; há técnicas e experimentações diversas sobre o mesmo universo’’. A expografia da mostra, sem títulos nem datas, é prova disso. “Na visita guiada, ao ser informado sobre algumas datas, o público se espanta com a harmonia entre imagens que foram feitas em momentos tão distantes”, explica Braga.

O domínio da luz, a paleta de cores vibrantes e a temática do cotidiano caraterizam Sideral, e também são marcas próprias da carreira de Braga. “Percebo que meu trabalho tem sido muitas vezes referência no uso da luz e da cor. O Guilherme Coelho é um exemplo”. Coelho é um jovem cineasta, diretor do longa-metragem Órfãos do Eldorado e amigo pessoal de Braga. O texto de apresentação da exposição é de autoria de Coelho, que narra seu primeiro contato com a obra do fotógrafo e o fascínio instantâneo causado por aquele mundo de luzes e cores deslumbrantes.

Samaumeira na noite (1987), de Luiz Braga
Samaumeira na noite (1987), de Luiz Braga

Braga explica a técnica usada em algumas das suas fotografias e sua estreita relação com a tecnologia. “Uso a tecnologia a favor do que desejo realizar e seu conhecimento para subverter certas regras. No caso do filme, consegui criar uma forma subjetiva de fazer fotografia em cores me aproveitando das distorções provocadas pelo uso ‘inadequado’ do filme daylight“.

O ineditismo das imagens, segundo o fotógrafo, é parte de seu processo criativo. Braga conta que precisa de “um tempo longo para decantar as imagens”, para depois selecioná-las. “Muitas fotografias nunca tinham sido ampliadas. Meu arquivo é uma porta para deliciosas descobertas”, conta.

“Procuro trabalhar um universo bem subjetivo que gira em torno do mesmo lugar, mas com olhares e técnicas diferentes a cada mergulho. Uma inquietude permanente. Um pulsar constante. O título Sideral não poderia ter sido mais feliz”. É por meio desta imersão profunda, reflexiva e paciente que Braga encontra a realização e a harmonia entre imagens de mais de 30 anos atrás e trabalhos atuais.

Cadeira Mexicana (2015), de Luiz Braga
Cadeira Mexicana (2015), de Luiz Braga