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Postado em 29/09/2011 - 10:53
Estéticas do crime
Nina Gazire

Artista venezuelano apresenta série fotográfica de construções feitas por traficantes colombianos

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Já ouviu falar da fazenda Napoles? Por muito tempo ela foi a fortaleza e o orgulho de um dos maiores traficantes da história, o infame Pablo Escobar. Entre as curiosidades da imensa propriedade_ localizada em Puerto Triunfo, há 320 quilômetros de Bogotá_ está o zoológico pessoal do “El Pátron”, apelido pelo qual Escobar era chamado pelos seus comparsas. Após o fim do cartel de Medelin, a fazenda foi confiscada pelo governo colombiano que a transformou em um parque que é hoje o destino de milhares de turistas. Mas a Fazenda Napoles é apenas um das centenas de propriedades construídas com o dinheiro do narcotráfico latino-americano. Na Colômbia, outras construções resultantes desta prática ilícita tiveram o mesmo destino e hoje são mantidas pelo governo. 

Desde 2002, o fotógrafo venezuelano Luis Molina-Pantin vem dedicando seu trabalho exclusivamente a registrar estas arquiteturas do crime. “É simplesmente uma inquietude minha sobre os fenômenos culturais da arquitetura”, ele explica. O resultado dos nove anos de registros desta narco-arquitetura podem ser conferidos nesta sexta edição da Bienal VentoSul de Curitiba. Intitulada A Narco-Arquitetura e suas contribuições à comunidade, a série de fotografias apresentam o estilo híbrido e exibicionista das mansões e fazendas de ex-traficantes colombianos. O título segundo Molina-Pantin é uma ironia simbólica. “ A maioria das propriedades dos traficantes de drogas foram confiscadas e passaram para as mãos do governo. Em alguns casos, o estado leiloa os bens e em outros os edifícios ficam abandonados como vestígios da idade de ouro do tráfico de drogas que se deu entre os anos 1980 e 1990”, declara o fotógrafo.

Além de serem ícones de um status quo decadente, as construções tem em comum uma espécie de estética própria. A mistura de estilos e ostentação “nouveau riche” ressaltam o cinismo proposto pelo título da série. Segundo o artista, os narcotraficantes de Cali contrataram os mesmos arquitetos para fazerem os projetos dos mansões. “Por isso elas parecem ser todas iguais. Muitos usaram colunas gregas, misturando elementos modernos com o estilo neo-clássico”, explica o artista que também se arriscou registrando algumas propriedades de traficantes em atividade, porém com negócios menor escala. Já a famosa Fazenda Napoles, o artista ainda não teve a oportunidade de visitar. “Me disseram que fazenda de Pablo Escobar é muito interessante, mas já acho que já me arrisquei o suficiente”, ele conclui.

Serviço

Narco-Arquitetura e suas contribuições à Comunidade-6ª Bienal VentoSul
18 de setembro a 20 de novembro
Museu da Gravura Cidade de Curitiba- Solar do Barão
Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533 – Centro
Curitiba