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Postado em 13/10/2015 - 6:35
Fala Gregor Podnar
Paula Alzugaray

Galerista esloveno que já participou quatro vezes da SP-Arte e participa pela terceira vez da ArtBo diz por que está reconsiderando sua estratégia no mercado brasileiro 

Podnar

Legenda: Gregor Podnar

A Galeria Gregor Podnar foi criada em 2003 em Kranj, na Eslovênia, se transferiu dois anos depois para Ljubljana e em 2005 abriu um segundo espaço em Berlim, na Alemanha. Com um projeto majoritariamente focado em disseminar a arte contemporânea do leste europeu no mercado internacional, Gregor Podnar realiza cerca de sete feiras anuais, entre as quais SP-Arte, ArtBo, ARCO, Frieze New York, Frieze London e Art Basel. A partir de 2015, ele incorpora à sua galeria dois artistas latino-americanos: o brasileiro Marcius Galan e o argentino Pablo Accinelli. Eu sua terceira viagem à Bogotá, para participar da ArtBO 2015, Podnar falou à seLecT sobre sua percepção do mercado latino-americano. 

O que a ArtBo representa para o programa de sua galeria?

Eu frequento esta feira há três anos e noto mudanças. A feira está mais madura, mas talvez no ano passado eu possa ter visto coisas mais inesperadas. Talvez seja porque tudo fosse mais novo para mim. Eu não sabia nada sobre o Perú, o Chile… É muito interessante ver tantas pequenas galerias de todo o continente. Esta é uma feira não tanto de galerias fortes, mas sim muito interessantes. A cena de colecionismo ainda não é tão grande aqui, então, até que a feira não cresça, não é tão simples fazer negócios aqui. Em meu stand, recebo mais colecionadores de Bogotá, mas sei que colecionadores de outras partes da América Latina frequentam a feira. Talvez haja aqui uma ausência de colecionadores brasileiros e mexicanos. Sua presença faria certamente uma grande diferença. Penso que faria sentido que mais clientes, não apenas da AL, mas também da Europa, viessem ver o que está acontecendo nas cenas mais jovens do continente. Os colecionadores que vem da Europa são basicamente de Madrid. É um ótimo grupo. (Nesse momento Podnar interrompeu a entrevista para receber o ex-presidente César Gaviria, pai de María Paz Gaviria, diretora da ArtBO). 

Mazena Nowak, Galeria Gregor Podnar

Legenda: Mazena Nowak, galeria Gregor Podnar

E o que São Paulo tem representado para seu projeto?

A razão pela qual fui a São Paulo é sua tradição histórica à qual me sinto mais diretamente relacionado: o concretismo, a abstração geométrica etc. Hoje essas vertentes da arte são mais populares, mas eu já me interessava por elas há mais de dez anos atrás. Há cinco anos conheci gente de SP, nos tornamos amigos e decidi conhecer o mercado brasileiro. Este foi o quarto ano que fui à SP-Arte. Fui uma vez à Rio Arte. Após esses cinco anos, comecei a trabalhar com artistas locais: Marcius Galan e Pablo Accinelli. Mas a SP-Arte não é uma feira barata. É uma das mais caras, de fato. Este ano, tivemos uma experiência muito ruim, porque não vendemos nada. Foi ruim não apenas para mim, mas para muitas galerias estrangeiras. 

A que você atribui esse desempenho?

Não é uma questão de venda em dólar, ou do valor das obras. Nós não temos um alto nível de preços. Então, acredito que seja uma questão psicológica. É uma pena, porque não há um suporte do mercado local para uma feira internacional, a SP-Arte. Teremos que encontrar meios de manter essa relação. 

E Bogotá oferece esse suporte?

É três vezes mais barata que a SP-Arte. É claro que tenho em SP uma relação mais forte com colecionadores. Mas posso encontrar meus clientes brasileiros em outras feiras também. O problema é que a feira de SP é hoje muito cara para mim, dadas as circunstâncias. 

Quem são seus clientes?
Na Europa, o maior grupo é italiano. E em cada país tenho sempre alguns clientes. Tenho um grupo no Brasil e agora, lentamente, conquisto um grupo em Bogotá. Tenho um pequeno mas excelente grupo de colecionadores dos EUA. Nossos clientes são também grandes museus.