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Frame do vídeo O Peixe (2016), de Jonathas de Andrade (Foto: Divulgação/ Galeria Vermelho)
Postado em 19/12/2016 - 4:12
Foco em NY
Filme O Peixe (2016), de Jonathas de Andrade, inaugura individual do artista no New Museum a partir de 2017
Felipe Stoffa

Em uma colônia de pescadores, peixes são acariciados logo que capturados pelos homens. De forma erótica, passando ao espectador uma sensação ritualística, o filme O Peixe (2016), de Jonathas de Andrade, foi um dos destaques da 32ª Bienal de São Paulo, encerrada recentemente. A partir de uma mescla entre documentário e ficção, o artista se deslocou rumo aos manguezais da região do Alagoas e capturou as atividades de pesca desses homens, que ainda utilizam técnicas tradicionais, como a rede e o arpão.

Com curadoria de Natalie Bell, a obra-documentário sai do pavilhão de Niemeyer e embarca em 2017 para a primeira individual do artista em uma instituição americana, sediada no New Museum, em Nova Iorque. Ao reter entre seus braços o fruto de sua caça, acariciando e abraçando o peixe quase asfixiado, o artista consegue transmitir um momento de tensão entre vida e morte, ao mesmo tempo em que toma de empréstimo técnicas do documentário antropológico, atento aos detalhes de cada ação retratada.

Observador do da vida cotidiana do brasileiro, Jonathas de Andrade é considerado um dos mais promissores artistas de sua geração. Da fotografia, passando pelo filme e instalações, as obras do artista tensionam o que ele considera como “urgências e desconfortos”, tendo a identidade nacional e o trabalho como pano de fundo para se questionar as heranças do colonialismo.