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Fixos e Fluxus (detalhe), de Marcelo Moscheta (Foto: Divulgação)
Postado em 17/03/2016 - 8:00
Galeria Vermelho recebe primeira individual de Marcelo Moscheta
Exposição que inaugura na próxima terça (22) traz obras que colocam em discussão natureza e intervenção humana

Na mostra titulada Sete Quedas, Marcelo Moscheta problematiza questões ligadas à passagem do homem por diferentes paisagens do globo e as interferências deixadas por ele como construções, alterações na topografia e a sistematização da divisão do globo terrestre.

A instalação que dá nome à exposição ocupa a sala principal da galeria, e é composta por um andaime de 5 metros de altura e sete desenhos em grafite sobre PVC. As imagens representam sete cachoeiras que, por razões ligadas ao espírito progressista do homem, foram sublimadas de suas paisagens naturais por grandes obras de engenharia. O título e desenhos fazem referência à história do Salto de Sete Quedas, ou Salto Guaíra, que, em 13 de outubro de 1982, teve suas dezenove cachoeiras (que eram divididas em sete grupos) alagadas para a construção da Usina Hidroelétrica de Itaipú. Tido como o maior sistema de cachoeiras do mundo em volume d’água e considerado um dos maiores espetáculos naturais do planeta, Sete Quedas desapareceu da paisagem para dar lugar ao progresso. No entanto, a comunidade local foi cortada pela metade, já que dependia intrinsicamente do turismo gerado pelas cachoeiras.

O Deserto do Atacama também aparece na série Fixos e Fluxos, 2016. Nas obras, conjuntos de chapas de alumínio, compostos esquematicamente, trazem fotos de satélite do deserto. A cada quadrante, o artista acresce uma pequena placa de cobre com as coordenadas geográficas daquele espaço, registradas por ele em seu trajeto pela região em 2012. A passagem de Moscheta pelo território do Atacama se torna absolutamente distanciada pela ótica do registro do satélite, desprovendo a jornada da imensidão e intempérie da região. Moscheta completa: “Meu método de construção dessa obra se assemelha à das antigas cartografias, nas quais a experiência do viajante era anterior à representação do território. O mapa era produzido somente após a visita do cartógrafo ao local a ser mapeado, e esse dado acrescentava a vivência do cartógrafo no território à sua representação. Nessa obra, o olho mecânico do satélite encontra a área por mim visitada três anos atrás e gravada com coordenadas em chapas de cobre. O meu deslocamento torna-se o determinante da escolha da imagem – uma paisagem nunca antes vista por mim, apesar de haver lá as marcas de minhas botas impressas no solo”.

Serviço
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo
De 22 de março a 16 de abril de 2016
De terça à sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h
Tel.: (11) 3138 1520