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Os trabalhos de Cris Rocha são impressos digitalmente com pigmentos minerais sobre papel 100% algodão (Foto: Divulgação)
Postado em 06/09/2017 - 3:43
Gravura que não é gravura
Da Gravura e Além, primeira individual de Cris Rocha em São Paulo, desafia o público com sua expografia e com a nova pesquisa da artista
Luana Fortes

Não fossem algumas dicas que revelam que a individual de Cris Rocha não exibe apenas gravuras, os trabalhos poderiam facilmente enganar alguém. Começando pelo título da exposição, Da Gravura e Além, as bordas entre linguagens artísticas vão aos poucos se dissolvendo e, junto disso, proveitosas discussões começam a se originar.

Com curadoria de Maria Alice Milliet, a exposição traz expografia cuidadosa e bem sucedida. Ao centro do espaço da ArteEdições Galeria, estão fileiras de pequenas gravuras em metal. Olhando atentamente para essas imagens feitas em água-forte, é possível identificar semelhanças com os trabalhos dispostos nas paredes. Isso acontece pois Rocha passou a incorporar a tecnologia em seu processo. A partir de ampliações digitais, a artista experimenta com a escala de suas imagens e as combina de diferentes maneiras. Agora, uma matriz maior pode ser agrupada a uma menor, o que não aconteceria da mesma forma com impressão de gravuras. Desse modo, novos universos se abriram em sua pesquisa.

Vista da exposição Da Gravura e Além

 

A primeira vez que exibiu suas ampliações, o resultado motivou a artista. “Trouxe uma felicidade ver esse trabalho ampliado”, conta à seLecT. Ainda mais, a curiosidade do público chamou sua atenção. “E essa questão de uma gravura que não é uma gravura, uma imagem que não é uma foto?”, perguntavam a ela intrigados. Esse tipo de confusão contribui para a pesquisa de Rocha.

A artista e curadora decidiram distribuir os trabalhos de acordo com as referências de cada imagem. As que mostram matos, ficam embaixo, enquanto as mais orgânicas são exibidas acima.

Mesmo antes de ampliar gravuras digitalmente, outros trabalhos davam nós na cabeça das pessoas. Na exposição FUNIL, exposta em 2004 na Galeria Bolsa de Arte em Porto Alegre, pessoas questionavam se a artista usou pintura ou gravura. Na realidade, ambas as linguagens estão constantemente presentes na trajetória de Rocha, desde sua graduação em Artes Plásticas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Eu acho que faço gravura como se fosse pintura e pintura como se fosse gravura. Acho que elas estão muito ligadas, na verdade, porque eu sou muito gestual”, pondera. Por isso, em meio a obras que refletem sobre a gravura, a individual também apresenta uma pintura.

A partir de agora, seus próprios trabalhos ditarão o caminho a ser seguido, como costuma acontecer em sua prática. Se Rocha vai continuar ampliando gravuras, ainda é difícil saber. “A minha ideia não é fazer daqui pra frente só assim, mas voltar um pouco pra ateliê e retomar o que eu já estava fazendo”, revela à seLecT.

Serviço
Da Gravura e Além
ArtEEdições Galeria
Rua Estados Unidos, 1162
Até 22/9
arteedicoes.com.br