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Detalhe de trabalho de Odires Mlazho (Foto: Reprodução)
Postado em 12/09/2017 - 3:30
Grito contra o silêncio
Exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira encerra antes do previsto e vai contra exatamente aquilo que propunha
Luana Fortes

O término antecipado da exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, que deveria acabar em 8 de outubro, é um ato de silenciamento. E o fato de existir o silêncio, ainda mais forçado, quando o objetivo de uma iniciativa é promover o debate… É para deixar qualquer um sem palavras mesmo. No entanto, se a mostra termina antes do tempo, faz-se necessário que a discussão até ultrapasse o período que ela ficaria em exibição. Não se pode ceder ao silenciamento.

A exposição estava em cartaz no Santander Cultural de Porto Alegre desde 15/8. Tinha curadoria de Gaudêncio Fidélis, que afirmou não ter sido informado sobre seu fechamento, e contava com mais de 270 obras. Acima de tudo, os trabalhos promoviam o diálogo. Sobre a sexualidade, sobre religião, sobre violência… Sobre a diversidade. Mas o ato da instituição fez com que a diferença fosse substituída pela unilateralidade.

“O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia”, relatou o espaço em nota de esclarecimento. Mas como é possível promover debate sem abrir espaço para a discórdia? “Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão do mundo”, continuaram. Em meio a um pedido de desculpa destinado àqueles que podem ter se sentido ofendidos pelos trabalhos exibidos, o Santander Cultural acabou desrespeitando a alteridade e provocou respostas que movimentam os principais veículos de notícia do Brasil, e fora dele. 

Um abaixo-assinado, criado pelo canal change.org, clama pela reabertura da exposição e já conta com mais de 40 mil assinaturas. A petição foi criada por Evelyne Rodrigues para ser entregue ao Santander Cultural Porto Alegre quando atingir 50 mil colaboradores.