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Vista da exposição em cartaz no MAC-USP
Postado em 01/04/2016 - 7:29
Oswaldo Vigas: Ilustre desconhecido
Mostra no MAC-USP apresenta para o Brasil o expoente do modernismo venezuelano
Luciana Pareja Norbiato

Oswaldo Vigas quem? O maior expoente do modernismo venezuelano, praticamente desconhecido no Brasil, está prestes a virar nome corrente na cena do país, graças a Antológica 1943-2013. A mostra abrange 70 anos de carreira do artista, nascido em 1926 e morto há dois anos, num percurso por cinco esculturas, algumas gravações em bronze e 63 pinturas de formatos variados – muitas delas enormes.

“O público vai entrar pela mostra, percorrer todas suas cinco salas e, no último espaço, vê um filme com a trajetória de Oswaldo Vigas. Depois, sai da sala e refaz todo o percurso da exposição, com uma perspectiva inteiramente nova, mais aprofundada”, explica o arquiteto responsável pela expografia da versão brasileira, o holandês Jowa Imre Kis-Jovak.

Escultura presente na exposição (Fotos Fábio Zanzeri)
Escultura presente na exposição (Fotos Fábio Zanzeri)

O trajeto, permeado por obras organizadas em salas temáticas e grandes painéis que contam a trajetória artística de Vigas, nasceu da vontade de torná-lo conhecido para além das fronteiras venezuelanas e, especialmente, no Brasil, onde a curadoria inicial de Bélgica Rodríguez (ex-diretora do Museu de Arte das Américas, em Washington) ganhou a releitura de Katja Weitering.

A diretora do Cobra Museum, de Amsterdã (que conserva o acervo do grupo modernista homônimo e tem programação voltada à arte do período), tampouco conhecia Vigas, que morou entre 1952 e 1964 em Paris e conviveu com nomes como Picasso, Léger e Magritte. Travou conhecimento com o artista e a fundação que cuida de seu espólio a partir de uma coletiva realizada no Cobra. “Eu nunca tinha ouvido falar de Oswaldo Vigas. O que me impressionou em sua produção foi o caráter multifacetado, com incursões pela pintura, gravura, escultura, tapeçaria, desenho, cerâmica e ourivesaria. São obras muito diferentes, mas são todas Oswaldo Vigas”, disse à seLecT a co-curadora. Daí veio o convite para ajudar na mostra.

Um dos painéis informativos da mostra, que traz aspectos de sua vida pessoal
Um dos painéis informativos da mostra, que traz aspectos de sua vida pessoal

A escolha por bagunçar a cronologia e colocar lado a lado obras com a mesma temática, mas de períodos diferentes, reforça a pluralidade convergente de Vigas. Seja em pinturas mais construtivistas, em passeios pelo cubismo ou no uso do empastamento e da fisicalidade na constituição da pintura, todas as obras remetem ao primitivismo sul-americano, com seus totens e elementos tribais encabeçados pela figura da Grande Mãe, a geradora do mundo.

Mas as obras não contam sozinhas a história do artista: ganham a companhia de seus pincéis e objetos pessoais, máscaras e bonecos tribais de sua coleção e um amplo conjunto de documentos, rascunhos e cartas. “Quisemos ir além da figura do artista para mostrar o homem por trás das obras, afinal Vigas foi um grande agitador cultural de sua época. Ele criou o festival de cinema da Venezuela que existe até hoje, organizou exposições, foi adido cultural na Europa, e dirigiu centros de cultura em seu país. Mas como não se preocupava em vender o próprio trabalho, não ficou tão conhecido como tantos de seus contemporâneos”, explica Katja Weitering. Com Antológica 1943-2013, o Brasil está prestes a saber muito bem quem foi Oswaldo Vigas.

Serviço: Oswaldo Vigas – Antológica 1943-2013

De 2/4 a 3/7

MAC USP Ibirapuera

Av. Pedro Álvares Cabral, 1301, São Paulo

Máscaras de teatro japonês da coleção do artista