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Stealing the Trapeze (2016), de Charles Lim Yi Yong, artista e atleta de Singapura, que examina a sociedade, a biosfera e a situação política das cidades desde o ponto de vista do mar (Foto: Cortesia do artista)
Postado em 05/08/2016 - 6:00
Jornadas transnacionais
Com a brasileira Daniela Castro no time curatorial, a Trienal de Aichi 2016 tem a viagem criativa como tema
Paula Alzugaray

O projeto da Trienal de Aichi, província localizada no centro no mapa do Japão, demonstra um interesse permanente em refletir as questões do mundo e de nosso tempo. Na primeira edição enfocou as cidades; na segunda procurou respostas ao desastre. Agora, ao trabalhar sob o signo da viagem e das caravanas, abraça uma das questões mais urgentes da contemporaneidade: a diversidade. Sob a direção artística do cientista político e fotógrafo Chihiro Minato, que viajou a América Latina a pé e esteve presente nas manifestações sindicalistas em São Paulo, nos anos 1980, esta edição também marca uma forte aproximação com o Brasil. Os brasileiros Laura Lima, João Modé, Mauro Restiffe e Leandro Nerefuh foram selecionados pela curadora Daniela Castro.

A quinta artista brasileira presente na Trienal, a coreógrafa Dani Lima, foi convidada pela curadoria de Performing Arts, composta de japoneses. Entre os mais de cem artistas e coletivos selecionados para Homo Faber: A Rainbow Caravan, muitos lidam diretamente com questões relacionadas às migrações, políticas das fronteiras e seus impactos locais e transnacionais. Esse é o caso das artistas Taloi Havini, de Papua-Nova Guiné, e Chikako Yamashiro, de Okinawa. Já a curadora turca Zeynep Öz demonstra, em suas escolhas, o interesse pela expatriação urgente dos sírios e curdos. “Mas o eixo da mostra está mais localizado no interesse pelas empreitadas criativas e intelectuais humanas e na curiosidade que parecemos carregar em relação ao não humano, um impulso cujo potencial está em conduzir a múltiplas construções culturais, percepções do espaço e formas de relação com o tempo, diz Daniela Castro à seLecT. “Em linhas gerais, a mostra investiga as múltiplas construções culturais, que tecem e são tecidas por uma variedade de subjetividades ativas em suas jornadas transnacionais e autorreflexivas.”

A equipe curatorial concorda que uma perspectiva menos eurocêntrica – inclusive na seleção dos artistas – é um dos pressupostos desta Trienal. E a palavra japonesa EN é adotada como possível síntese ou idioma comum, a fim de promover trocas e aproximar viajantes do Norte, Sul, Leste e Oeste. Entre os múltiplos sentidos de EN (em kanji 縁 / em hiragana えん) estão destino, coincidência, sorte, relação, conexão.

Night (2016), do fotógrafo brasileiro Mauro Restiffe (Foto: Cortesia do artista)
Night (2016), do fotógrafo brasileiro
Mauro Restiffe (Foto: Cortesia do artista)

Serviço
Aichi Triennale – Homo Faber: A Rainbow Caravan
Museus e centros de arte em Nagoya, Toyohashi e Oakazaki, Japão
De 11/8 até 23/10
Site