icon-plus
O Retrato de dona Olívia Guedes Penteado pelo pintor francês acadêmico Henri Gervex é o ponto de partida da exposição (Foto: Christina Rufatto)
Postado em 06/03/2017 - 1:34
Lição de longa duração
Com novo recorte da Coleção Nemirovsky, a Pinacoteca exibe até 2019 uma leitura completa da História da Arte Brasileira
Luciana Pareja Norbiato

A última peça do quebra-cabeça da História da Arte Brasileira exibido pela Pinacoteca de São Paulo entrou em cartaz. É o novo recorte da Coleção Nemirovsky, que ocupa a galeria homônima com obras do período modernista, terço intermediário da trajetória da arte no País. Essa exposição amplia para 110 obras o retrato do período em que o País começou a buscar identidade própria nas artes visuais. Na mostra anterior do acervo do casal José e Paulina, em 2013, 49 obras foram selecionadas.

“É curioso que a maior mecenas da arte moderna do País, dona Olívia Guedes Penteado, que estimulou a produção de inúmeros artistas do movimento, tenha se feito retratar por um pintor acadêmico francês famoso na época, Henri Gervex”, diz à seLecT a curadora da exposição e da Pinacoteca, Valéria Piccoli. Por suas contradições, nota-se o papel transitório do modernismo, saindo do academicismo exposto no segundo andar do museu em Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo e se encaminhando para a Vanguarda Brasileira dos Anos 1960 – Coleção Roger Wright, também em cartaz.

“Começamos a mostra fazendo uma ligação com o período anterior pelo retrato de dona Olívia Penteado e terminamos já nos concretos e na abstração lírica que anunciam as vanguardas posteriores, mas sem um percurso cronológico”, diz Piccoli. São os temas que conduzem a narrativa, por nomes consagrados e outros que ganham revisão. Numa das três primeiras salas, trabalhos de nomes como Renina Katz, Portinari e Di Cavalcanti retratam o trabalho e o homem comum. Trazendo como destaque a tela Antropofagia (1929), de Tarsila do Amaral, a segunda sala apresenta os costumes e paisagens do povo brasileiro. As questões formais da pintura surgem em trabalhos de Ismael Nery e Pancetti.

A gradual limpeza e geometrização proposta por Volpi e Ernesto de Fiori faz a ligação com a sala que enfoca o concretismo e o neoconcretismo em nomes como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape. A abstração lírica de Tomie Ohtake e Manabu Mabe fecha a mostra. Artistas como Wellington Virgolino, Lucy Citti Ferreira, Carlos Prado e Eleonore Koch têm sua importância histórica resgatada. “Também me preocupei em incluir mulheres artistas não tão conhecidas”, conta Piccoli.

Com uma seleção de obras impressionantes e a coesão do percurso, que só ganha com a opção da divisão em temas, a exposição ressalta não só a História da Arte, mas o próprio desenvolvimento social, econômico e político do País. Unida às outras duas mostras históricas da Pinacoteca, Galeria José e Paulina Nemirovsky – Arte Moderna é uma lição de Brasil, em cartaz até 2019.

Serviço
Galeria José e Paulina Nemirovsky – Arte Moderna
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Praça da Luz, 2
Até agosto de 2019
www.pinacoteca.org.br