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Postado em 19/07/2012 - 6:50
Líquido, condensado e mutante
Juliana Monachesi

Henrique Oliveira desestabiliza os estados da arte (líquida) contemporânea

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Legenda: Maquete virtual do projeto de intervencão de Henrique Oliveira na galeria Millan

Se você é daqueles que acha que Zygmunt Bauman já deu todas as derivações e diluições que tinha que dar, a exposição individual de Henrique Oliveira, intitulada Realidade Líquida – que será inaugurada hoje, a partir das 20h, na galeria paulistana Millan – é para você. Finalmente um artista que explora com propriedade o conceito de “modernidade líquida” e que leva às últimas consequências a natureza mutante e instável de todas as coisas do mundo contemporâneo. 

No melhor estilo ver-para-crer – ou, melhor, ir-para-sentir -, a intervenção na sala principal da galeria desmantela toda e qualquer certeza sobre o espaço expositivo. E sobre o espaço construído em geral. Em um desdobramento minimalista da instalação que o artista apresentou na 29a Bienal de São Paulo, em 2010, a presente obra nos coloca numa espécie de útero arquitetônico, que acolhe ao criar sinuosidades no ambiente antes frio e ortogonal do cubo branco, ao mesmo tempo em que repele, pelo uso do branco asséptico e pelo enclausuramento promovido pelas paredes em expansão.

Informa-nos o material de divulgação sobre a mostra: “Henrique preenche o espaço expositivo da galeria de vazio. As paredes, o teto e o piso são os mesmos de sempre, porém completamente deformados pela interferência do artista: os planos, amolecidos, convergem para uma perspectiva quase alucinógena. Se, por um lado, não há nada para se ver, a ruptura com a sensação de familiaridade do espaço é um convite a uma mudança na percepção espacial: não há uma obra no sentido canônico do termo, mas há uma forte presença no espaço, como algo que poderia estar por trás das paredes, prestes a rompê-las, ou como o resultado de um inexplicável fenômeno de estranhos resultados”.

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Legenda: Maquete virtual do projeto de intervencão de Henrique Oliveira na galeria Millan

A intervenção ainda prossegue por paredes externas à sala, criando outras situações antitéticas entre o corpo do visitante e a arquitetura. E, no segundo piso da galeria, outra obra leva adiante as investigações do artista sobre liquefação e condensação como metáforas sociais. Qualquer semelhança com a Nuvem (2008) que Henrique Oliveira realizou no Contemporary Arts Center em New Orleans não será mera coincidência. 

Serviço
Realidade Líquida, exposição individual de Henrique Oliveira
QUANDO: Abertura hoje, 20h às 23h; segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h; até 18 de agosto
ONDE: Galeria Millan (rua Fradique Coutinho, 1.360, tel. 0/xx/11/3031-6007) – http://www.galeriamillan.com.br