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Obras de Ana Maria Tavares (centro), Lucia Koch (esquerda) e Hector Zamora (direita), em “Notícias de um novo MUBE”, em cartaz até domingo
Postado em 07/04/2016 - 6:13
Nasce uma instituição
Grupo de gestores, empresários e colecionadores se reúnem em torno da reabilitação do MUBE. Curadoria de Cauê Alves inaugura nova fase
Paula Alzugaray

O Museu Brasileiro da Escultura (MUBE) surgiu em 1995 da louvável iniciativa de uma associação de moradores do Jardim Europa, em São Paulo, de impedir a construção de um shopping center no terreno vizinho ao Museu da Imagem e do Som (MIS). Nos primeiros dez anos de funcionamento, acumulou dívidas milionárias, irregularidades e impropérios administrativos que seu atual diretor presidente, Jorge Landmann, levou sete anos para sanar. Com um programa inconsistente, o maior patrimônio criado pelo MUBE foi mesmo seu edifício e sua arquitetura, projeto de Paulo Mendes da Rocha integrado a um jardim de Burle Marx.

Nesta quinta feira, 7 de abril, “Notícias de um novo MUBE: Arquitetura e Paisagem Urbana” anunciou uma nova fase da instituição. Com curadoria de Cauê Alves, a mostra responde a uma pergunta fundamental: como dar conta de um museu dedicado à escultura? “A escultura é uma categoria moderna. Desde o surgimento da land art, vimos a expansão da escultura para intervenções na paisagem e no espaço urbano”, diz Cauê Alves a seLecT.

Jorge Landmann, Flavia Velloso e Cauê Alves, o novo time do MUBE
Jorge Landmann, Flavia Velloso e Cauê Alves, o novo time do MUBE

Sintomático, portanto, dar o pontapé inicial do novo MUBE com uma exposição de arte “imaterial”. A mostra apresenta sete vídeos de Regina Silveira, Héctor Zamora, Ana Maria Tavares, Lucia Koch e Gabriel Acevedo Velarde, Regina Parra, Marcelo Cidade, Nicolás Robbio e Ricardo Carioba. Todos os trabalhos se aproximam de discussões sobre a arquitetura do museu e elementos da paisagem urbana.

“Há algo de escultural no próprio projeto do MUBE”, continua Cauê Alves. “Mas na realidade este prédio é um anti-monumento, uma construção semi-subterrânea, com uma grande praça externa, onde queremos estimular o convívio”.

Teatro, música e performance estão entre as atividades previstas para a nova programação, que entrará em vigor no início de 2017. Em fase de transição, a equipe reúne o presidente Jorge Landmann, o curador Cauê Alves e Flavia Velloso, ex-diretora do Masp e ex-coordenadora do Núcleo Contemporâneo do MAM-SP, que está hoje em pleno processo de revisão dos estatutos e das finanças do museu. Landmann diz que o Masp será uma das referencias da nova gestão.

O projeto quer colocar em prática ideias que estavam na origem do MUBE: sua vocação pública, sua relação com a cidade e a paisagem, e o estímulo da interação social que sua arquitetura proporciona. Segundo Paulo Mendes da Rocha, “seu destino seria abrigar uma notícia da paisagem”.

Visível tanto aos visitantes do museu desde sua praça quanto aos transeuntes da avenida Europa, a projeção noturna do vídeo “Mil e Um Dias” (2007), de Regina Silveira, na marquise do prédio, coloca em evidência esse projeto de integração com a cidade.

A exposição fica em cartaz até domingo, 10 de abril.