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Luiz Braga - Homem na Ilha dos Amores, fotografia clicada pela técnica nightvision (Foto: Luiz Braga/ Divulgação)
Postado em 16/09/2016 - 6:18
O corpo por Luiz Braga
Exposição Retumbante Natureza Humanizada apresenta em Belém trabalhos do acervo pessoal do fotógrafo
Felipe Stoffa

Prestes a completar 40 anos de carreira, desde os 11 anos de idade Luiz Braga já era um amante da fotografia. O corpo humano, quando capturado pelas lentes do fotógrafo, ganha dimensão tanto como registro de costumes e do próprio povo brasileiro, como também forma a unidade e a essência de sua produção. Ao montar o seu primeiro estúdio, em 1975, o retrato já era uma temática de destaque, mesmo quando decidiu transitar pelos caminhos da fotografia publicitária.

Luiz Braga - Carregador de Gelo (Foto: Luiz Braga/ Divulgação)
Luiz Braga – Carregador de Gelo (Foto: Luiz Braga/ Divulgação)

Agora, a obra de Luiz Braga ganha visibilidade em Belém, local onde nasceu, trabalha e vive. O recorte, que vai desde imagens clicadas em 1976 até 2014, captura o núcleo principal de sua produção, com destaque ainda maior para os retratos do homem da Amazônia. Apesar do amplo espectro de fotografias selecionadas pelo curador Diógenes Moura, a mostra não se constitui numa retrospectiva, mas convida o espectador a uma imersão no olhar de Braga. Para complementar ainda mais a proposta, cerca de 100 imagens são inéditas ao público, enquanto que a maioria dos trabalhos exibidos são do acervo pessoal do artista.

Na exposição pode-se encontrar desde registros em preto e branco, realizados, em maioria, no início da carreira do fotógrafo, até imagens coloridas e mais conhecidas pelo grande público. Mas não é apenas essa série que ganha destaque. Ali também estão as fotografias feitas a partir da técnica nightvision, em que a cor das imagens clicadas pelo artista transita entre um esverdeado quase fantasmagórico até uma leve coloração infra-vermelho. “O mais interessante dessa exposição é que as pessoas vão poder verificar um jogo em que as fotografias parecem ter sido realizadas no mesmo dia, mas por vezes têm diferença de 30 anos. Isso revela uma característica da minha obra, que se expande e retorna. São ciclos dentro do mesmo território criativo e afetivo e é o homem amazônico que se destaca, seja pela forma como modifica o lugar ou como protagoniza a imagem”, analisa Luiz Braga.

Luiz Braga - Vaqueiro Cor de Rosa (Foto: Luiz Braga/ Divulgação)
Luiz Braga – Vaqueiro Cor de Rosa (Foto: Luiz Braga/ Divulgação)

Organizada primeiramente no Sesc Pinheiros, em 2014, a exposição recebeu no mesmo ano prêmio de melhor mostra de fotografia, concedida pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Para esta segunda edição, entretanto, a curadoria concebe nova expografia, como ressalta Diógenes Moura: “Pequenas aglomerações de retratos e cenas da vida cotidiana, onde estarão o corpo e a alma do povo paraense, a luz flutuante que está em todas as imagens”. A mostra também conta com espaço especial que apresenta o processo criativo de Luiz Braga a partir de livros de referências, cartas, fotografias de época, catálogos, livros e até filmes. “Sempre fui uma pessoa muito de andar pela cidade e observar, o meu trabalho é fruto dessa observação e tem tanto a cidade e o centro histórico, quanto a paisagem ribeirinha. Eu tenho chamego pela cidade cabocla, enxergo neste cenário muita sabedoria, que não depende de cânones europeus e vem da vivência do caboclo. Cedo aprendi a valorizar isso, o caboclo, a caboquice, que não é juízo de valor, mas o que nos diferencia do resto do mundo globalizado. Enxerguei isso muito tempo atrás, nos anos 1980”, revela Braga.

Luiz Braga - Mulher no Bar Rosa (Foto: Luiz Braga/ Divulgação)
Luiz Braga – Mulher no Bar Rosa (Foto: Luiz Braga/ Divulgação)

Serviço
Retumbante Natureza Humanizada – Luiz Braga
Museu do Estado do Pará
Praça Dom Pedro II, s/n, Cidade Velha, Belém
Até 17/11
De terça a sexta-feira, das 10h às 16; sábados e domingos, das 9h às 13h
Tel.: (91) 4009 9831