O mundo do cinema, com suas técnicas e especificidades, cada vez mais é referência na formação da linguagem de diversos artistas, movimento que se desenvolveu no período das vanguardas e já integra qualquer bibliografia básica sobre história da arte. Também já é de pleno conhecimento os distintos festivais de longas e curta metragens que apresentam novidades e lançam atores e diretores no circuito. É natural que em algum momento esses dois caminhos se cruzem novamente, fato concretizado a partir de iniciativas como a mostra OLHO Video Art Cinema, que apresenta sua segunda edição com uma seleção de filmes produzidos por artistas contemporâneos, muitos deles reconhecidos mundialmente.

A curadoria da mostra, assinada pelas críticas e pesquisadoras de arte Alessandra Bergamaschi e Vanina Saracino, tem como proposta formar um diálogo entre dois eixos do cinema que a princípio parecem distantes: o documentário etnográfico e a ficção científica. Se por um lado a antropologia é fundamentada pela ideia de alteridade, na qual documentários sobre o tema geram embates com o espectador a partir de realidades que questionam a posição do homem branco ocidental, a ficção acaba por dar voz a uma liberdade de criação que aproxima artistas de linguagens mais poéticas, como a literatura. Com essa mistura, pode-se produzir novas realidades. Esse é o mote das obras selecionadas, realizadas por nomes que vão desde as brasileiras Ana Vaz e Letícia Ramos até artistas internacionais como Anri Sala, Mihai Grecu, Ben Rivers, Yael Bartana, Basim Magdy, Graeme Arnfield, Fiona Tan e Shigo Yoshida.

Durante o evento, que depois segue para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, pode-se assistir à ficções que lidam com paisagens indefinidas, ou criando novos horizontes, como no caso de Ana Vaz, Ben Rivers, Mihai Grecu e Yael Bartana; ao passo que Anri Sala, por outro lado, fala fala da necessidade de se habitar territórios já existentes. Ao lidar com o próprio futuro, Fiona Tan reencontra arquivos cinematográficos do início do século 20 para reconfigurá-los. Com uma temática próxima, Shinzo Yoshida busca reconectar passado e presente ao acompanhar esquimós das regiões de Chukotka e Beríngia, extremo leste da Rússia, enquanto Graeme Arnfield, Letícia Ramos e Basim Magdy tensionam os limites entre ciência e ficção.

Serviço
OLHO Vídeo Art Cinema
São Paulo: de 29/9 até 2/10
Belo Horizonte: de 6/10 até 8/10
Rio de Janeiro: de 17/10 e 18/10
Informações e programação completa: site