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Detalhe de pintura da série O Céu que Nos Protege (Foto: Divulgação)
Postado em 20/12/2016 - 5:44
O céu de Marina Saleme
Artista paulistana realiza duas exposições inéditas no Rio de Janeiro
Felipe Stoffa

“Minha pintura é muito demorada, lenta. É por isso que eu gosto mais do óleo sobre tela que do acrílico, que é uma técnica que acontece mais rapidamente. O que demora não são somente as questões técnicas, mas também as internas. Às vezes saio do ateliê achando que um trabalho ficou pronto e, na manhã seguinte, ao olhar para a obra percebo que ela ainda me incomoda. Às vezes, fico meses olhando para um trabalho, para depois, em algumas horas, acabá-lo (para sempre). Como se eu tivesse descoberto a sua alma”, conta a artista paulistana Marina Saleme, em conversa com a curadora Daniela Bousso.

Pintura da série O Céu que Nos Protege (Foto: Divulgação)
Pintura da série O Céu que Nos Protege (Foto: Divulgação)

Para o curador Felipe Scovino, que assina nova individual da artista no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, o trabalho de Marina Saleme se realiza a partir de dois procedimentos que se entrecruzam a partir do ato de revelar pelo oculto – aspecto significante de sua poética -, preservando a memória de suas primeiras pinceladas, muitas vezes escondidas pelas inúmeras camadas de óleo que invadem o linho. Essa ação, um dado poético para a artista que desde sua formação nunca abandonou o pincel, leva o espectador a um território de suspensão temporal. Por meio de suas composições, a obra de Saleme marca possíveis desdobramentos que a pintura alcança na contemporaneidade.

Nascida em 1958, Marina Saleme se formou na década de 1980 em artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado e se tornou um dos maiores nomes de sua geração. Durante 10 anos, lecionou pintura no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Sua individual no museu carioca marca o retorno da artista a uma instituição museológica (sua última mostra no local foi realizada em 1997). E não para por ai, já que, ao mesmo tempo, ela também inaugura exposição inédita na galeria Mul.ti.plo Espaço Arte.

A exposição no Paço Imperial, que reune obras da coleção da artista e de acervos privados, constitui uma retrospectiva de sua carreira, com cerca de 25 pinturas, algumas delas inéditas ao público. Ao todo, o conjunto de trabalhos selecionados reafirmam uma trajetória sólida de pesquisa e discussão sobre a pintura. A fotografia ganha destaque ao se afirmar como matriz para sua pintura, ao mesmo tempo em que se torna também suporte, como no caso de sua recente série Real (2016). A mostra também conta com visita inédita, guiada pelo próprio curador, dando oportunidade para que o público questione e conheça de perto a obra da artista. “A exposição e o debate pretendem difundir a pesquisa e o estudo que a produção das artes plásticas trava com outras linguagens visuais, investigando a amplitude que o fenômeno das artes vem criando com outras áreas”, comenta Felipe Scovino.

Serviço
Paço Imperial
Praça Quinze de Novembro, 48, Rio de Janeiro
Até março de 2017
Mul.ti.plo Espaço Arte
Rua Dias Ferreira, 417/sala 206, Rio de Janeiro
Até 21/1/2017