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Postado em 07/10/2015 - 3:04
O íntimo, o global e o performático
Paula Alzugaray

Dedicada à performance, a seLecT 26 apresenta artistas que utilizam essa linguagem para moldar identidades e afirmar atitudes políticas; confira o editorial da edição 

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Legenda: Na capa, obra Sem Título (2011-2012), de Paulo Nazareth

“No rastro, apoderamo-nos da coisa”, afirmou Walter Benjamin sobre o poder do documento. Isso foi no começo do século 20. Talvez por isso a ânsia pela documentação e pela produção de imagens tenha ultrapassado hoje todos os limites.

A revista naturalmente se move por esse impulso documental, produzindo registros, reproduções e reflexões acerca do mundo. Ao optar por trabalhar com o formato de dossiês, dedicando cada edição a um tema do universo cultural ou artístico, seLecT almeja construir um documento de uma época. Felizmente, isso tem sido confirmado por nossos leitores.

Tomemos então esta edição como um documento sobre o momento presente da arte da performance. Um retrato produzido no instante em que corpos e comportamentos estão sendo moldados por hábitos permeados pela tecnologia; em que o acesso ao mundo é vasto e irrestrito, mas frequentemente mediado.

É nesse mundo atravessado pelas mídias que o artista de performance trabalha. Seja explorando-as a favor de criar conexões com o mundo – como Paulo Nazareth, que explora a fotografia, o vídeo e o panfleto para disseminar suas ideias –, seja descartando-as, em favor de desierarquizar e potencializar relações interpessoais entre artista e público, caso de Maurício Ianês.

Nazareth, Ianês, Garcia, Rolla, Morais, Firmeza, Cais, Lima, Lie, Reale, Ghazel, Patterson, Manuel, entre os cerca de 25 artistas que atuam nesta edição, nos fazem ver que a performance é uma mídia em si, talvez a mais poderosa forma de aproximar poéticas artísticas a identidades pessoais e atitudes políticas.