Os efeitos colaterais às Olimpíadas têm sido tema de diversas reportagens na mídia nacional e internacional: a expulsão de moradores de suas casas para construir os prédios olímpicos, o aumento das emissões de carbono durante os jogos, o incremento dos preços de ítens básicos e a posterior especulação imobiliária, acompanhada da gentrificação.
Sobre este lado obscuro das Olimpíadas versa a exposição Assalto Olímpico, formada por cinco trabalhos inéditos realizados por Bruno Faria. As obras foram desenvolvidas em uma residência artística realizada em Barcelona, em 2010.
Tudo teve início quando o artista pernambucano pisou a cidade espanhola, antiga sede dos Jogos Olímpicos, e conversou com os catalães. Lá, Faria deparou-se com a mesma fala: os Jogos de 1992 mudaram a cidade de Barcelona. Prova disso, afirma Faria, é a infraestrutura turística que a capital possui atualmente. “Os impactos das obras realizada para as Olimpíadas em Barcelona, em 1992, foram o eixo da minha pesquisa, algo semelhante ao que o Rio está sofrendo por conta dos Jogos”, explica Faria.
Efetivamente, a leitura dos trabalhos focados na cidade de Barcelona pode ser exportada a qualquer cidade-sede dos Jogos. Marca, por exemplo, é uma obra que mostra os cinco anéis olímpicos gravados sobre a parede, deixando profundas marcas na superfície. As marcas fazem referência aos estragos deixados pela importante competição esportiva. Uma placa mostrando o número de pessoas despejadas de suas casas assim como informações relacionadas à especulação imobiliária compõe o trabalho com um olhar empírico. Os dados referem-se às cidades de Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000) e Pequim (2008) e também há estimativas de Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016).
Vila Olímpica é outro trabalho formado por quatro capturas de tela de um vídeo que mostra a implosão de um prédio residencial para criar a Vila Olímpica no bairro de Poblenou, em Barcelona. Segundo o relato de Faria, as famílias desse edifício (todas de baixa renda e filhos de migrantes) receberam passagens para visitar seus familiares no sul da Espanha, em Andaluzia. Durante a viagem, receberam ligações contando que suas casas já não estavam mais de pé. A exposição Assalto Olímpico pode ser visitada até 30/10, no Centro Cultural São Paulo (CCSP).
Serviço
Assalto Olímpico
Centro Cultural São Paulo (CCSP)
Rua Vergueiro, 1000, Paraíso – São Paulo
Até 30/10
De terça-feira a sexta-feira, das 10h às 20h; sábados e domingos, das 10h às 18h