Em 2015, um grupo formado por Alexandre Canonico, Bruno Dunley, Isabel Diegues, Luis Barbieri, Marina Rheingantz, Mauro Restiffe e Paloma Bosquê começou a planejar uma viagem de imersão. Guiados pela vontade de fazer uma expedição de observação ao interior do Brasil, escolheram o sertão do Piauí como destino, um ambiente desconhecido para todos. A arte rupestre e a geografia peculiar da região foram fatores determinantes para essa escolha: as serras da Capivara e das Confusões, declaradas Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, abrigam o maior número de pinturas rupestres do mundo, espalhadas por mais de 600 sítios arqueológicos.
Para além das pinturas rupestres, cruzar o Sertão do Piauí de carro foi a ideia que seduziu o grupo, que partiu do interior até desembocar na amplitude do mar em Delta do Parnaíba, em uma jornada de dez dias. Eles contaram com a experiência de guias locais para desbravar a vegetação, as formações rochosas e a história dessa parte do Brasil. A experiência de convívio e as travessias na viagem foram intensas, e dessa vivência os artistas destacam o silêncio da região inóspita, a observação do céu, a natureza seca que um dia já foi abundante e o tempo alargado que as pinturas rupestres pré-históricas evidenciam.
Nessa situação de suspensão, os artistas experimentaram de perto a oposição entre natureza e cultura em um contexto e geografia totalmente distintos de sua realidade. Os desdobramentos e impressões dessa experiência serão divididos com o público na exposição que se segue, em que cada artista transmite à sua maneira os vestígios que a jornada deixou em suas práticas. Alguns trabalhos foram realizados durante a viagem e outros já de volta ao ambiente de trabalho de cada um, em que a experiência, tanto do sertão brasileiro quanto da pesquisa das pinturas rupestres, assume formatos diversos como fotografia, esculturas, pintura e áudios.
O Projeto Piauí não se apresenta como uma conclusão, uma vez que a viagem não ansiava qualquer objetivo final. Ao invés de apresentar um resultado, a mostra divide com os visitantes esse exercício de convívio e contemplação a que esse grupo se submeteu, não só durante a viagem, mas também na concepção e montagem da apresentação pública de seu processo.
Serviço
Pivô
Edifício Copan – Avenida Ipiranga, 200, Loja 54, Centro, São Paulo
De 14 de maio a 2 de julho
De terça a sexta-feira, das 13h às 20h; sábados, das 13h às 19h
Tel.: (11) 3255 8703