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Sábato Magaldi
Postado em 15/07/2016 - 6:51
R.I.P. Sábato Magaldi
Um dos mais importantes críticos teatrais brasileiros morreu na noite do dia 14/7 (quinta-feira), aos 89 anos
Luciana Pareja Norbiato

O teatro brasileiro ficou mais triste desde a noite de quinta-feira, 14/7. Nem bem outra área das artes, o cinema, deu o adeus definitivo a um de seus expoentes no Brasil, o diretor Hector Babenco (uma noite antes, na quarta-feira, 13/7), o crítico, escritor e professor Sábato Magaldi fez cair o pano aos 89 anos, em virtude de uma infecção generalizada.

Imortal da Academia Brasileira de Letras desde 1994 (onde ocupou a cadeira 24), inúmeras vezes premiado e autor de diversos livros seminais sobre o teatro brasileiro (entre eles, Iniciação ao Teatro e Panorama do Teatro Brasileiro, um dos mais abrangentes a respeito do teatro do país no século 20), foi o cronista de toda uma geração teatral, em textos publicados em veículos como Diário Carioca, Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo. Uma compilação de 800 destes escritos virou livro em 2014 pelas mãos de sua mulher, a escritora catarinense Edla Van Steen.

A atuação elegante (até quando negativamente crítica) de Magaldi foi responsável por consolidar talentos então incipientes em suas épocas, entre eles Plínio Marcos e Nelson Rodrigues. Este último teve relação estreita com o crítico, que estabeleceu a divisão definitiva da obra rodrigueana em três núcleos temático-estilísticos quando da publicação de seu Teatro Completo: Tragédias Cariocas, Peças Míticas e Peças Psicológicas.

Além de ensaísta prolífico, Magaldi teve destacada atuação como professor da Escola de Artes Dramáticas (EAD), na qual criou a disciplina História do Teatro Brasileiro a convite do fundador da iniciativa, Alfredo Mesquita. Durante quatro anos, lecionou em duas importantes instituições francesas: Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle) e Universidade de Aix-en-Provence.

Ao lado de nomes como Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld, Bárbara Heliodora e Yan Michalski, Sábato Magaldi faz parte da geração da crítica teatral brasileira que redefiniu os rumos das artes cênicas no Brasil na segunda metade do século 20, garantindo fundamentação teórica e conceitual ao movimento de libertação dos padrões europeus rumo à constituição de um teatro genuinamente nacional. Cremado na tarde de sexta-feira, 15/7, no cemitério Memorial Parque Paulista, o crítico sai de cena, mas sua trajetória é parte da história do teatro brasileiro.