Quem melhor que os insiders da SP-Arte para dizer o que mais chamou a atenção durante a feira? Algumas personalidades do mundo das visuais contaram à reportagem de seLecT quais obras eles desejariam comprar e de quais stands eles mais gostaram.
A dupla meio cubana, meio norte-americana Allora & Calzadilla foi a escolha do artista Nino Cais, participante da feira pela Carbono e Central Galeria de Arte. A obra em questão é a assemblage I Have Forgotten My Umbrella (2011), que figurou no stand da britânica Lisson Gallery.
Cais também elegeu duas galerias na SP-Arte: “Gostei dos stands da Casa Triângulo e Jaqueline Martins. Gosto de stands em preto e branco. Prefiro menos! Para poder focar em cada trabalho.”
Ex-Secretário Municipal de Cultura do RJ e atual diretor da Cidade das Artes, Emílio Kalil declarou que sua obra dos sonhos desta edição é a Coluna em Fitas (1977-85), de Franz Weissmann. “Adoraria comprá-la.” A escultura em aço pintado estava exposta na Lurix.
A galeria carioca também exibiu a obra desejada pelo fotógrafo Vicente de Mello, Economic Grafic Production (2014). Nela, o artista Paulo Climachauska subverte um gráfico de escalas de valor do petróleo ao redor do mundo. Extraindo os dados, sobram as trajetórias irregulares que mostram a posição ocupada por cada país em cores vibrantes, num resultado que beira o pop. “Cada cor mostra um país diferente, mas olhando não dá pra descobrir do que se trata”, disse Mello.
O voto da artista Sandra Cintro, que lançou livro-obra e figurou no stand da paulistana Casa Triângulo, ficou com Chão ou Vão, de Felipe Cohen. A obra, exibida pela Carbono (SP), consiste num jogo de armar em madeira que possibilita diferentes encaixes, e sua moldura funciona também como a caixa que guarda as peças.
O novo núcleo da feira, SOLO, de projetos de um único artista selecionado por Rodrigo Moura (Inhotim), teve uma galeria participante destacada pelo jornalista Celso Fioravante, a Henrique Faria Fine Art (NY). O que impulsionou sua escolha foi “o respeito, delicadeza e coragem ao abdicar de apresentar um pot-pourri de bom gosto e optar por um pequeno recorte (obras dos anos 70 e 80) de uma das maiores artistas brasileiras vivas, mas ainda pouco reconhecida pelo mercado: Anna Bella Geiger”.
Quanto à obra dos sonhos, Fioravante elegeu os trabalhos de Daniel Murgel, representado pela carioca Portas Vilaseca. “Murgel é um dos talentos da nova geração de artistas brasileiros, mas é fiel às suas propostas e não faz concessões pra agradar o mercado.”
Sem stand na SP-Arte, a galerista Juliana Blau, da jovem galeria Blau Projects (aberta no ano passado), passou na feira ao lado de Mario
Gioia para conferir a atuação da concorrência e, quem sabe, fazer planos para a próxima edição da feira. Quando perguntada sobre qual obra gostaria de comprar, elegeu a caixa de Nazareno com miniaturas em seu interior, da Emma Thomas. “É linda, muito delicada.”
O crítico e jornalista Mario Gioia selecionou o formalismo geométrico de um díptico de Donald Judd exposto na parede externa do stand da nova-iorquina David Zwirner, sem título (Schellman 42, 1968-69). “Essa obra é sensacional!”, empolgou-se.
Artista representado pela Blau Projects, Vitor Mizael derreteu-se pelas caixas com violinos confundindo-se com a partitura, Dueto (2013) e Pausa I (2013), ambas realizadas por Sandra Cinto em grafite sobre papel e exibidas na Casa Triângulo. “São de uma sutileza, uma leveza rara, são a melhor coisa da feira, sem dúvida”, declarou Mizael.