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Grilo, de Rodrigo Martins (Fotos: Divulgação)
Postado em 08/06/2016 - 11:13
Tentativa e erro
seLecT entrevista Rodrigo Martins, vencedor de prêmio do Instituto EDP em 2014, que abre individual na Central Galeria
Ana Abril

Rodrigo Martins é um artista de tentativa e erro. Suas pinturas nascem após um processo de experimentação e de manipulação de objetos. Da criação de objetos-maquetes e da pesquisa para suas pinturas surgiu o interesse do carioca pela escultura. Mas quando o artista decide se uma ideia se converterá em pintura ou em escultura? “Esse tipo de decisão surge do diálogo com o trabalho, com o tempo de convivência com eles no espaço do ateliê e, principalmente, ao escutar o que as obras também tem a dizer”, explica.

As obras de Martins não estão enquadradas em nenhum campo específico. O único elemento norteador de seu trabalho, segundo o próprio artista, é a curiosidade. “A temática surge da prática, do fazer. Dentro e fora do ateliê, busco estar perto daquilo que me atrai o olhar sem que, a princípio, eu entenda o motivo”, diz.

Rodrigo Martins apresenta sua primeira individual na Central Galeria na quarta-feira, dia 8 de junho. A mostra destaca-se pelas densas pinceladas e pela integração da anatomia humana e de objetos, que parecem corpos estranhos, em diferentes ambientes. O curioso é que a exposição surgiu a partir de uma pesquisa que deu errado. “Há dois anos, comecei a tentar replicar monumentos públicos de pintores como Lasar Segall, Victor Meirelles, Pedro Américo e Manuel Madruga”, explica o artista.

Cruz, de Rodrigo Martins
Cruz, de Rodrigo Martins

As tentativas de réplicas tinham início com um banho de silicone. A partir dessa ideia, Martins decidiu fazer seu próprio busto de gesso. Dias depois, um grilo entrou no ateliê, bateu em uma tela e, na sequência, pousou no rosto de gesso. Ele conta que “tanto o grilo em si, quanto a imprevisibilidade que ele adiciona a essa imagem formada, me despertou o interesse necessário para ver mais uma vez como a tinta óleo reage a tal problema, daí surge a pintura Grilo”. Até mesmo, o pano preto que utilizou para se proteger do silicone virou protagonista de Cruz, umas das pinturas em exposição.

O artista de 28 anos foi ganhador do 4º Prêmio Energias na Arte, em 2014, realizado pelo Instituto Tomie Ohtake em parceria com o Energias de Portugal (EDP). Idealizado para estimular a produção artística contemporânea, o prêmio é voltado a jovens artistas. Além da premiação, o projeto contempla uma série de atividades ao longo do ano, como cursos, palestras e workshops em regiões brasileiras onde o acesso à arte contemporânea é mais restrito.

Serviço
Central Galeria
Rua Mourato Coelho, 751, Vila Madalena, São Paulo
De 8 de junho a 6 de agosto
De segunda-feira a sexta-feira, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 17h
Tel.: (11) 2645-4480 / 2613-0575