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Kaminhas Sutrinhas (1995), de Márcia X (Foto: Vicente de Mello)
Postado em 18/05/2018 - 2:35
Acervos: arte + sexualidade
Verbetes e projetos mostram como reflexões sobre sexualidade têm envolvido a produção artística brasileira nas últimas décadas

VERBETES
Marcia X
Márcia Pinheiro de Oliveira (Rio de Janeiro, 1959-2005). Artista visual. No início dos anos 1980, frequenta a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 1987, realiza, em parceria com Alex Hamburger (1949), uma intervenção na peça Winter Music, de John Cage (1912-1992), no Rio de Janeiro, invadindo o palco com dois velocípedes. A proposição de situações como essa busca questionar o papel da arte por meio do humor e do estranhamento, características de suas obras. A partir dos anos 1990, produz obras com objetos industrializados, apropriando-se de seus aspectos simbólicos. Seus trabalhos abordam, de forma direta e provocativa, temas como sexualidade, erotismo, consumo, valores sociais e religiosos, discutindo não só questões estéticas, mas também éticas e políticas. A partir de 2000, dedica-se com maior ênfase aos trabalhos de performances, associadas também ao vídeo e à Instalação.

Documentação da performance Nascisse Exercício De Me Ver II (1982), fotografia de Hudinilson Jr. (Foto: Cortesia Jaqueline Martins)

 

Hudinilson Jr.
Hudinilson Urbano Júnior (São Paulo, 1957-2013). Artista multimídia. Inicia seu aprendizado artístico nas sessões de filmes sobre arte exibidos no Museu Lasar Segall, no início dos anos 1970. Entre 1975 e 1977, cursa artes plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Produz arte postal, grafite e integra, com Alex Vallauri (1949-1987), um grupo de grafiteiros. De 1979 a 1982, compõe o grupo 3Nós3, com os artistas Mário Ramiro (1957) e Rafael França (1957-1991), que realiza intervenções na cidade de São Paulo. No mesmo período, faz experiências em xerografia. Ao ser convidado pela Pinacoteca do Estado de São Paulo a ministrar oficinas de xerografia, participa de cursos técnicos na fabricante de fotocopiadoras Xerox do Brasil. Em Narcisse/Estudo para Autorretrato (1984), dialogando com o mito de Narciso, produz e investiga sua própria identidade visual. Em seus últimos cadernos de colagens, a figura de Narciso desdobra-se com a exposição obsessiva e analítica do nu masculino. Para o crítico Jean-Claude Bernardet (1936), a fragmentação do corpo pela xerox converte-o em paisagens abstratas, nas quais os fragmentos se esvaem. Em sua performance com a máquina copiadora, Hudinilson Jr. utiliza seu corpo como matriz para a reprodução e investigação de possibilidades visuais.

Linn da Quebrada (Foto: Guilherme Castoldi)

 

PROJETOS
Todos os Gêneros
Programação especial é dedicada à sexualidade e suas representações por meio da produção de artistas da dança, música, cinema, teatro e performance. Em 2017, chegou à sua 4a edição e teve como destaque uma performance cênica musical de Linn da Quebrada chamada Bixaria Bocket Show. O público foi convidado a participar numa cabine de depoimentos. Ao fim das atividades, esses depoimentos ficaram como registros do projeto e trazem uma gama de reflexões sobre gênero.

Frame do documentário Fabiana (Foto: Brunna Laboissière)

 

Rumos 2015-2016: Fabiana
O documentário Fabiana desenrola-se na estrada, como um típico filme do gênero road movie, e descortina os bastidores da vida de uma caminhoneira transgênero. Antes de se aposentar, após 30 anos trabalhando na área, Fabiana aceita o convite da diretora Brunna Laboissière e deixa sua última viagem ser registrada. As duas se conheceram quando Brunna pediu uma carona de São Paulo até Brasília. Surpreendeu-se que o motorista do caminhão não era um homem e ficou admirada ao se deparar com a resiliência de Fabiana diante de um universo dominado pelo sexo masculino e pelo machismo. Durante o percurso registrado no documentário passam-se 11 mil quilômetros de muitos imprevistos.

Frame do filme Quarto Camarim (Foto: Fabricio Ramos)

 

Rumos 2015-2016: Quarto Camarim
Dirigido por Fabricio Ramos e Camele Queiroz, Quarto Camarim mostra a reaproximação entre Camele e sua tia transgênero Luma, que não via há 27 anos, quando a tia ainda era homem. Com abordagem documental, o longa-metragem é construído pelas tensões da relação entre Camele e Luma, a todo momento mediada pela câmera cinematográfica.