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Do Ilê Aiyê, Ekedji Dete, Doné Hildelice, Hunsó Alda, Ekedji Marcia, Deré Jaci, Vodunsis Micaela Jawale, Val Benvindo e Isa Carla (Foto: André Seiti)
Postado em 26/06/2019 - 10:29
Acervos: cultura em luta
Seleção de trabalhos e verbetes do Itaú Cultural revelam como projetos culturais têm sido usados como ferramenta política

Projetos
Ocupação Ilê Aiyê
A 42a ocupação do instituto aconteceu na virada de 2017 para 2018 e foi dedicada à história do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, que nasceu para combater o racismo, especialmente no circuito oficial do Carnaval baiano. Com 44 anos de existência, o bloco desfila exclusivamente com negros e segue questionando regimes de opressão racial. A exposição teve música, projeções, fotografias, documentos, depoimentos e fantasias com referência às Abayomis, bonecas negras feitas com tecido e arrematadas com nós. Em programação paralela, oficinas e shows com a participação de convidados como os grupos Ilú Obá De Min e Ilú Iná.

Mesa de discussão sobre Ativismos, Arte e Reapropriações de Espaços Públicos (Foto: André Seiti)

Brechas Urbanas
A série de conversas foi criada, em 2015, no Itaú Cultural, para debater soluções inovadoras para a vida em cidades. As conversas acontecem no próprio instituto e são depois compartilhadas no YouTube. Em dezembro de 2017, a mesa de discussão foi sobre Ativismos, Arte e Reapropriações de Espaços Públicos, com mediação do jornalista Bruno Torturra e a participação da advogada Liana Lins, do movimento Ocupe Estelita, e dos cientistas políticos Vitor Marchett e Márcio Black, do Coletivo Sistema Negro. No ano seguinte, em maio, o tema foi O Caminho Da Restauração Da Democracia Brasileira Através Das Cidades, com os professores Ricardo Abramovay e Mônica Sodré, o advogado Rafael Poço e mediação da jornalista Natalia Garcia.

Desbravamento da Mata (1941), mural de Candido Portinari na Biblioteca do Congresso em Washington (Foto: Creative Commons)

Verbetes
Muralismo
O termo refere-se à pintura mexicana da primeira metade do século 20, de feitio realista e caráter monumental. A adesão dos pintores aos murais de grandes dimensões está ligada ao contexto social e político do país, marcado pela Revolução Mexicana de 1910-1920. (…) O programa de pinturas de murais, narrando a história do país e exaltando o fervor revolucionário do povo, adquire lugar destacado no projeto educativo e cultural do período. Nos termos de Diego Rivera (1886-1957), um dos principais expoentes do muralismo mexicano, a arte “é uma arma”, um instrumento revolucionário de luta contra a opressão.(…) No Brasil, influências do muralismo mexicano podem ser sentidas nas obras de Di Cavalcanti (1897-1976) e Candido Portinari (1903-1962).

Teatro do Oprimido
Método teatral e modelo de prática cênico-pedagógica sistematizados e desenvolvidos por Augusto Boal (1931-2009) nos anos 1970. Possui características de militância e destina-se à mobilização do público, vinculando-se ao teatro de resistência. Para fazer frente à censura e à repressão desencadeadas pelo AI-5, Boal incrementa sua aproximação com as propostas de Bertolt Brecht (1898-1956).(…) O Teatro do Oprimido congrega hoje grupos em todo o Brasil, com ênfase no estado do Rio de Janeiro, especialmente vinculados às ações pela cidadania. Difundido em todo o mundo, estudado por teóricos de áreas variadas, foi comemorado com a grande exposição Augusto Boal: Os Próximos 70 Anos, em março de 2001, no Rio de Janeiro.

Centro Popular de Cultura (CPC)
O Centro Popular de Cultura – CPC foi criado em 1961, no Rio de Janeiro, ligado à União Nacional de Estudantes (UNE), e reúne artistas de distintas procedências: teatro, música, cinema, literatura, artes plásticas etc. O eixo do projeto do CPC define-se pela tentativa de construção de uma “cultura nacional, popular e democrática”, por meio da conscientização das classes populares. A ideia norteadora do projeto diz respeito à noção de “arte popular revolucionária”, concebida como instrumento privilegiado da revolução social. A defesa do caráter coletivo e didático da obra de arte, e do papel engajado e militante do artista, impulsiona uma série de iniciativas (…). O golpe militar de 1964 traz consigo o fechamento do CPC, a prisão de artistas e intelectuais e o exílio político. Mesmo assim, ecos do projeto cepecista reverberam em iniciativas posteriores, como no célebre show Opinião, em 1964.