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Fotografia de Bilo, do Mamana Foto Coletivo
Postado em 09/09/2019 - 10:15
Acervos: grupos, coletivos e conjuntos de procedimentos
Abordagem interdisciplinar, crítica ao sistema de arte e trabalho partilhado são características de coletivos de ontem e de hoje

Projetos
Coletivos Culturais
O Observatório Itaú Cultural, programa que estimula o debate e a pesquisa sobre gestão e política cultural desde 2006, disponibiliza em seu site uma série de textos e entrevistas a respeito de coletivos culturais brasileiros. A iniciativa digital acontece há mais de quatro anos e traz diversidade de regiões e linguagens. Em fevereiro de 2019, o Observatório publicou um texto sobre o Mamana Foto Coletivo, formado pelas fotógrafas Bruna Custódio, Gabriela Biló, Jacqueline Lisboa, Janine Moraes e Mel Coelho. A matéria fala sobre como o coletivo surge de uma vontade de participar do contexto político que o Brasil vive desde 2013 e documentar a perspectiva feminina sobre o momento histórico. Depois, a série abordou o Espaço Cultural Filme de Rua, planejado e gerido pelo coletivo Filme de Rua. O grupo, que desde 2015 grava filmes com jovens em situação de vulnerabilidade, inaugurou em março um espaço, construído com apoio do Rumos Itaú Cultural, para exibições gratuitas de filmes independentes, encontros e laboratórios.

Verbetes
Grupo CoBrA
Apesar do curto período de existência, de 1948 a 1951, o Grupo CoBrA deixa rastros evidentes na história das artes visuais. (…) A origem do movimento remonta a Paris, quando artistas (…) se retiram de uma conferência internacional sobre arte de vanguarda e redigem um texto propondo um trabalho artístico partilhado, alimentado por suas distintas experiências nacionais. Assinam o manifesto Christian Dotremont, Asger Oluf Jorn, Joseph Noiret, Karel Appel, Constant e Corneille Guillaume Beverloo, na qualidade de representantes de grupos de arte experimental de seus países de origem. (…) São explícitas as ligações de vários artistas do CoBrA com o Partido Comunista (PC), assim como a ruptura empreendida posteriormente com o PC em virtude do realismo socialista (…). No Museu Cobra, criado em 1995, em Amstelsveen, Holanda, está depositada grande parte do acervo do grupo. (…) As obras de Rubens Gerchman e alguns trabalhos de Antonio Dias e Carlos Vergara, (…) são vistos como exemplos de leituras realizadas do movimento no Brasil.

Macaranã (2003), de Chelpa Ferro em exposição Hum, no Mam Rio (Foto: Cortesia Galeria Vermelho)


Chelpa Ferro
O coletivo Chelpa Ferro foi criado em 1995 pelo pintor Luiz Zerbini (1959), o escultor Barrão (1959) e o editor de cinema Sergio Mekler (1963). (…) O grupo destaca-se na produção de arte contemporânea brasileira ao utilizar elementos sonoros justapostos aos visuais em suas obras. A abordagem interdisciplinar é revelada pela aparente desorganização meticulosamente orquestrada, criando espaço de fronteira entre os objetos articulados, o público e o som (…). Na obra do Chelpa Ferro, a percepção convencional de música é desconstruída. Cria-se uma nova linguagem sonora que, ao ser equalizada em função escultórica, assinala correspondências ativadas pela disposição e curiosidade do espectador. (…) Com quatro álbuns lançados (…), a discografia do coletivo registra experimentações sonoras em shows ao vivo e, em 2008, é publicado um livro com um panorama das criações do grupo.

Fluxus
“(…) Menos que um estilo, um conjunto de procedimentos, um grupo específico ou uma coleção de objetos, o movimento Fluxus traduz uma atitude diante do mundo, do fazer artístico e da cultura que se manifesta nas mais diversas formas de arte. (…) Seu nascimento oficial está ligado ao Festival Internacional de Música Nova, em Wiesbaden, Alemanha, em 1962, e a George Maciunas (1931-1978), artista lituano radicado nos Estados Unidos, que batiza o movimento com uma palavra de origem latina, fluxu, que significa fluxo, movimento, escoamento. (…) De feitio internacional, interdisciplinar e plural do ponto de vista das artes,  o Fluxus mobiliza artistas na França, Estados Unidos, Japão,  países nórdicos e Alemanha. As músicas de John Cage e Paik, comprometidas com a exploração de sons e ruídos tirados do cotidiano, têm lugar central na definição da atitude artística do Fluxus. (…) Integrantes do Fluxus estiveram presentes na 17a Bienal Internacional de São Paulo, em 1983.

Neutral (1966-2014), de Carlos Fajardo (Foto: Reprodução)

 

Grupo Rex
Apesar de sua breve existência – de junho de 1966 a maio de 1967 –, o Grupo Rex tem intensa atuação na cidade de São Paulo, marcada pela irreverência, humor e crítica ao sistema de arte. Os mentores da cooperativa, Wesley Duke Lee (1931-2010), Geraldo de Barros (1923-1998) e Nelson Leirner (1932) projetam um local de exposições – a Rex Gallery & Sons – além de um periódico – o Rex Time – que deveriam funcionar como espaços alternativos às galerias, museus e publicações existentes. Exposições, palestras, happenings, projeções de filmes e edições de monografias são algumas das atividades do grupo, do qual participam também José Resende (1945), Carlos Fajardo (1941) e Frederico Nasser (1945), alunos de Duke Lee. Instruir e divertir são os lemas do Grupo Rex e do seu jornal; trata-se de interferir no debate artístico da época (…). No fim de 1967, a Exposição-Não-Exposição anuncia que obras de Nelson Leirner podiam ser levadas da mostra. Em poucos minutos a galeria ficou completamente vazia.