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Múltiplo de Carmela Gross da Receita de Arte e capa seLecT #53
Postado em 15/03/2022 - 9:22
Agenda para Adiar o Fim do Mundo (15 a 23/3)
Agenda especial ArtSampa reúne os destaques da feira e eventos colaterais
Da Redação

“Se não podes afeiçoar tua vida como queres,
deves ao menos tentar, o quanto
possas, isto: não a rebaixes
no excessivo comércio do mundo,
no excesso de palavras e de gestos.

Não a rebaixes levando-a para dar
passeios, exibindo-a o tempo todo
nas reuniões e comemorações
em que a tolice diária se compraz,
até fazeres dela uma estranha importuna.”
Konstantinos Kavafís, em Poesia Moderna da Grécia (1986), trad. de José Paulo Paes

Edições seLecT
A revista está na área editorial para o lançamento de #DESCOLONIZAR, primeira edição digital do ano. Além disso, ocorre a venda promocional do bookzine especial 10 anos #FLORESTA, que reúne os conteúdos das últimas quatro edições, e da série de múltiplos Receita de Arte. Com tiragem de 25 exemplares, assinados por Regina Silveira, Paulo Bruscky, Muntadas & Miralda, Carmela Gross, e Jorge Menna Barreto & Joelson Bugila, os múltiplos foram desenvolvidos para apoiar o jornalismo de arte de excelência da seLecT. Não perca!

Cosmovisão Opy’i (2019), de Xaladu Tupã Jejupé (Foto: Divulgação)

ArtSampa
Tem feira de arte estreando no calendário paulistano: a ArtRio inaugura sua filial em São Paulo, intitulada ArtSampa. O evento ocorre na OCA, de hoje a domingo (dias 16 a 20/3), e mantém versão online em sua plataforma digital. “Chegar a São Paulo no ano do centenário do movimento modernista é muito emblemático. Temos como compromissos a valorização da arte brasileira, o estímulo a novos artistas e o reconhecimento da arte como forma de expressão da sociedade e sua cultura”, afirma Brenda Valansi, presidente da ArtSampa. As galerias participantes foram selecionadas por comitê curatorial formado por: Juliana Cintra (Silvia Cintra + Box 4); Filipe Masini e Eduardo Masini (Galeria Athena) e Antonia Bergamin (ex-diretora da Galeria Bergamin & Gomide). O evento também inclui seção de publicações e instituições convidadas, como o Inclusartiz, que apresenta seu programa de residências por meio das obras de quatro artistas que já passaram pelo instituto: Marcela Cantuária, Maxwell Alexandre, Talles Lopes e Xadalu Tupã Jejupé.

(Foto: Divulgação)

DESTAQUES DA FEIRA
Superfície
A galeria exibe um projeto voltado ao grupo Poema/Processo, à poesia visual, revistas de vanguarda e livros de artistas. Dentre os nomes que fizeram parte do movimento, a galeria apresenta trabalhos de Álvaro de Sá, Neide Sá, Moacy Cirne e Falves Silva, incluindo também O Brasil É Meu Abismo (1982), obra de Daniel Santiago. A seleção foi pensada dentro do contexto político que vivemos hoje, seguindo a proposta da galeria de trabalhar a arte contemporânea por um viés conceitual. Ainda, com curadoria de Lisette Lagnado, a mostra Leonilson — Que Sejam Muitas as Manhãs de Verão, é inaugurada no espaço com cerca de vinte trabalhos, entre desenho, pintura, bordado e escultura, que buscam evidenciar a afinidade do artista com a obra do poeta egipcio Konstantinos Kavafís. A partir de 3/4.

Sudorese Excessiva (2020), de Rafael Alonso (Foto: Divulgação)

Galeria Athena 
Projeto de Rafael Alonso ocupa o espaço da galeria na primeira edição da feira. Entre obras inéditas e antigas, a proposta é o aprofundamento da pesquisa do artista sobre a relação da forma e cor, baseando-se na arquitetura da OCA. Ao entrar no estande, o espectador tem contato com as paredes pintadas e ocupadas por pinturas, em camadas de cores sobrepostas. A pintura mural realizada nas paredes dialoga com a arquitetura local e está incorporada por outros trabalhos; Alonso propõe uma reflexão acerca das concepções do que seria o fazer artístico, olhando para dentro da pintura e as formas e relevos que estamos inseridos.

Obra da série Assim é… Se Lhe Parece (2010), de Nelson Leirner

Galeria Silvia Cintra + Box4
Em homenagem aos 90 anos do artista Nelson Leirner, o estande da galeria apresenta recorte sobre os aspectos de sua produção. Além disso, em outro ponto da feira, conferimos a obra Pollock Cow, uma escultura que faz referência e muda o sentido das vacas da Cow Parade, que ocuparam as ruas de grandes cidades a partir do final da década de 90. Na versão de Leirner, a figura da vaca é toda coberta por centenas de stickers com temas infantis. Na sede carioca, é possível conferir a Exposição de Acervo, com obras de Iole de Freitas, Marcius Galan, Pedro Motta, entre outros, até 18/3.

(Foto: Divulgação)

Conversas ArtSampa
Em série de conversas sobre formas de pensar a arte e o colecionismo, nomes como Brisa Flow, Vicenta Perrota, Raphael Cruz, Janaína Machado, Priscilla Rezende, entre outros, se reúnem no auditório da OCA do Ibirapuera, com transmissão simultânea ao vivo no telão do jardim e no site do evento. Destaque para mesa, em parceria com a OM.art e PerifaConnection, Vazando Territórios: Uma Conversa Sobre Arte e Pertencimento, que abre a programação no dia 17/3, às 14h. De quinta a sábado (17 a 19/3). Confira a programação completa pelo link.

Registro de uma das noites do MIRA na ArtRio em 2021 (Foto: Bruno Ryfer/Divulgação)

MIRA
O projeto de videoarte, que participa das edições da ArtRio, exibe projeções diárias de trabalhos oriundos das mais diversas pontas do circuito da arte contemporânea e foi especialmente desenvolvido para esta primeira versão paulista da feira. Com curadoria de Victor Gorgulho, As Above, So Below [Como Acima, Também Abaixo] é uma bem-humorada referência ao homônimo filme norte-americano de 2014, aqui apontando para o fato de o programa acontecer, concomitantemente, sob a cúpula da construção de Niemeyer, em uma instalação multicanais de monitores em exibição contínua.

Víbora (2021), de Ana Júlia Vilela (Foto: Divulgação)

Central Galeria
A Central, que orbita no universo da arquitetura e da relação com a cidade e a paisagem, apresenta um diálogo entre três artistas: Ana Júlia Vilela, Mariana Manhães e Rodrigo Sassi. A seleção inclui trabalhos tridimensionais de Sassi que integraram sua individual Fora dos Planos, recém encerrada no Museu Nacional da República, Brasília; Manhães, apresenta uma série inédita de esculturas e Vilela, por sua vez, exibe pinturas recentes que mesclam humor e autoficção. Até 26/3, a galeria apresenta a mostra Alegria, uma Invenção, com curadoria de Patricia Wagner, que promove uma reflexão acerca do legado do modernismo no Brasil considerando o centenário da Semana de 1922 como seu marco simbólico.

Skyline #3 (2016), de Eduardo Coimbra (Foto: Divulgação)

Galeria Lume
Com projeto especial, a galeria apresenta os artistas Amalia Giacomini, Eduardo Coimbra e Claudio Alvarez. A instalação proposta pelos 3 artistas explora as relações do espaço e da obra de arte com o público, tendo em vista a arquitetura inovadora da OCA, local onde ocorre a feira.  “A idéia é dissolver a percepção, a lembrança e a memória, e dar lugar ao delírio no qual cada obra se reconstrói mentalmente e ressalta a natureza dinâmica da imaginação.”, dizem os artistas. Mais Valor que Valia, mostra Maré de Matos  em cartaz na galeria, reúne poesia, palavra, bordado, fotografia para denunciar a relação capitalista entre desenvolvimento e devastação. Entrada gratuita. Até 26/3.

Escombros (2019), de Talita Hoffmann (Foto: Divulgação)

Aura e Bailune Biancheri
Com curadoria de Tarcísio Almeida, as galerias encontram-se em um estande conjunto, assumindo as possibilidades de diálogo entre seus acervos e pesquisas. A Aura apresenta trabalhos de Douglas Ferreiro e Talita Hoffmann, com pinturas, desenhos e bordados. A Bailune Biancheri, por sua vez, exibe a produção de Eduardo Montelli, Lucas Lugarinho, Renato Pera, Rommulo Vieira Conceição e Talles Lopes, em técnicas como vídeo, gif, desenho, pintura, fotografia e imagem digital. A exposição Um Teto Todo Nosso, em cartaz na Casa Aura, tem curadoria de Carollina Lauriano e Charlene Cabral e reúne trabalhos das artistas mulheres representadas pela galeria. São elas: Amanda Mei, Fernanda Valadares, Helena Obersteiner, Laerte Coutinho, Luciana Paiva, Luiza Gottschalk, Marga Ledora, Maria Lynch e Talita Hoffmann. Visitas mediantes agendamento.

Balada 04 (Série Balada)(2019), de Osvaldo Carvalho (Foto: Divulgação)

Janaina Torres Galeria
O projeto expositivo, com curadoria de Heloisa Amaral Peixoto, reúne obras dos artistas Kitty Paranaguá, Laíza Ferreira, Osvaldo Carvalho, Paula Juchem e Ricardo Siri. Buscando provocar novas conexões entre os mundos físico e ficcional, as obras apresentadas desencadeiam fluxos contínuos de trocas. “Pensamos nessa construção das inter-relações dos trabalhos e das suas reciprocidades, uma resultante que projeta e configura um campo vibracional próprio e, portanto, significativo de nossa cultura e impulsionador de nosso processo evolutivo”., escreve a curadora. Ainda, a galeria abre sua programação com individual do artista Pedro Moraleida, em 2/4. A mostra conta com curadoria de Ricardo Resende e reúne pinturas e desenhos.

Epílogo do Tempo (2022), de Andrey Rey (Foto: Divulgação)

Oma Galeira
Fundada em 2013, a galeria apresenta obras de três jovens artistas: Andrey Rossi, que recentemente teve obras incorporadas ao acervo do MAM-RJ e produz telas que ilustram ambientes em ruínas, abandonados aos efeitos da passagem do tempo; Giovani Caramello cria esculturas hiper-realistas que retratam questões relacionadas ao tempo e à efemeridade de sentimentos, propondo reflexões sobre a impermanência; e Marjô Mizumoto, que investiga o dia-a-dia dos retratados, inseridos em ambientes quase cenográficos, misturados a elementos do universo pop. A sede paulistana da galeria exibe coletiva com trabalhos de Bruno Novaes, Isis Gasparini, Michel Cena7, Nario Barbosa, Paulo Nenflidio e Renan Marcondes, além dos presentes na feira.

O Batedor de Bolsa (2011), de Dalton Paula (Foto: Divulgação)

EVENTOS COLATERAIS
Vários 22
A Arte132 abre seu espaço para outras 10 galerias e artistas independentes apresentarem obras do seu acervo, em uma mostra com curadoria de Lilia Schwarcz. De 19 de março a 21 de maio, a coletiva reúne 80 trabalhos que propõem um diálogo provocativo sobre as narrativas e imaginários consolidados no Brasil. Entre os participantes, estão a Galeria Superfície com Gê Viana, a Casa Triângulo com O Bastardo, e artistas independentes e coleções particulares, como Jaider Esbell, Denilson Baniwa e Jean-Baptiste Debret.

Ao Tempo. Uma Retomada (2021), de Victor Leguy (Foto: Divulgação)

Casa Amélia
O imóvel que divide espaço com uma praça e uma escola municipal no bairro de Pinheiros, em São Paulo, passou de casa da família a cenário de resistência durante a pandemia. Os irmãos Victor Leguy, artista e pesquisador, e Melissa Mariz, estilista, transformaram a casa em espaço de arte aberto para o exercício de ideias, discussões artísticas, políticas e filosóficas. O nome homenageia a avó materna da dupla, e simboliza a derrocada das certezas, segundo Melissa Mariz: “Um espaço colaborativo para abrigar encontros, experimentações, estabelecer ou ressignificar relações entre pessoas, ideias e sensações. O fim não é tão importante, fundamental é entendermos e valorizarmos o processo que na maioria das vezes é subestimado”. A Casa Amélia, que dispõe de cinco ateliês, quarto para residência artística, oficina para trabalhos manuais, área expositiva, sala para cursos e workshops, e um jardim, inicia suas atividades no sábado, 19/3, com inauguração da Mostra Cola, a partir das 11h. O endereço é Praça Horácio Sabino, 78.

(Foto: Divulgação)

ÚLTIMOS DIAS
Arte_Passagem 
Confira, até sexta-feira, 18/3, a segunda edição do projeto de ocupação artística de vitrines no centro de São Paulo. Rafael RG e Luiz Viola, autores da performance 100 Anos de Silêncio, falam sobre improviso, escuta, a escrita e a projeção de histórias, e como tudo isso se alinha em sua instalação Fuga, que está em exibição no espaço. Além disso, reimpressões de adesivos de Leonilson, criados nos anos 80 para divulgar suas exposições, tomam o vidro do arte_passagem e formam a primeira camada da intervenção. No Edifício Eiffel, das 9h às 18h.