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Quintal (2022), de Márcia Falcão (Foto: Divulgação/Raphael Fonseca)
Postado em 08/03/2022 - 4:08
Agenda para Adiar o Fim do Mundo (8 a 16/3)
Agenda especial Dia Internacional das Mulheres traz os destaques culturais que celebram a data
Da Redação

”A caça às bruxas foi, portanto, uma guerra contra as mulheres; foi uma tentativa coordenada de degradá-las, de demonizá-las e de destruir seu poder social. Ao mesmo tempo, foi precisamente nas câmaras de tortura e nas fogueiras onde se forjaram os ideais burgueses de feminilidade e dosmeticidade.” – O Calibã e Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva, de Silvia Federici

Márcia Falcão
A primeira individual da artista em São Paulo abre neste sábado, 12/3, no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, e é um desdobramento da exposição ocorrida na Carpintaria, no Rio de Janeiro. Suas obras, em que Márcia Falcão associa corpo feminino e igreja, imagem pictórica e bunda, pintura e maternidade, transmitem uma constante tensão entre o prazer e a violência, situação que permeia a vida das mulheres. A artista investiga ”como seu próprio corpo, quando transformado em pintura, pode ser tensionado como lugar simultâneo de acolhimento e repulsa”, escreve Raphael Fonseca, autor do texto crítico. No mesmo dia, abre do Galpão a mostra Judy Chicago & Leda Catunda, que reúne 14 obras, entre pinturas, bordados e colagens sobre questões do feminino e hierarquias de gênero. Texto crítico Julia de Souza.

A Praia Onde Habito é Rica em Desastres, de Olívia Viana (Foto: Divulgação)

ABERTURAS
À Superfície, em Silêncio, de Olívia Viana
Abre hoje, 8/3, às 19h, a primeira individual da artista mineira, na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte. O projeto, selecionado por uma banca no 5º Programa de Seleção da Piccola Galleria, reúne um conjunto de 12 pinturas em acrílica sobre tela da artista. Seus trabalhos propõem reflexões acerca da existência e da animalidade, provocando situações de estranhamento e surpresa. Um bate-papo virtual com a Olívia Viana é transmitido hoje, às 19h. Ingressos gratuitos pelo Sympla.

(Foto: Divulgação)

Unforgettable, de Maria Cecília de São Thiago
Com curadoria de Diógenes Moura, a mostra da artista paulistana propõe uma viagem no tempo e na memória a partir de registros fotográficos e negativos. Fazendo uso de ferramentas e dispositivos antigos, a artista transforma imagens caseiras em diários visuais poéticos, criando narrativas ficcionais e propiciando uma autocura pela fotografia. “Manipular imagens é pensar na profundidade das relações humanas”, afirma Maria Cecília. No Estúdio 41. Abertura hoje, 8/3, das 17h às 20h.

Transformações VIII (1976), de Gretta Sarfaty (Foto: Divulgação)

EM CARTAZ
Retransformações, de Gretta Sarfaty
Em cartaz no Auroras, a mostra da artista greco-brasileira apresenta obras desenvolvidas no final dos anos 1970. Entre fotolitos e pinturas, a artista parte de referências pop e neoexpressionistas para articular questões acerca do corpo da mulher e sua condição na sociedade contemporânea. Essas camadas são trabalhadas num processo criativo em torno de sua própria imagem, seja para explodir com os estereótipos de feminilidade, seja pela busca de sua identidade. Até 21/5. Sarfaty participa ainda de uma conversa  sobre sua produção hoje, às 17h, na galeria Central, com mediação da curadora Mirtes Marins.

Máscaras III (1967) (Foto: Divulgação)

Niobe Xandó: Linguagem Gráfica
No Dia Internacional da Mulher, a Simões de Assis exibe mostra da pintora paulistana em seu viewing room. Autodidata, Xandó (1915-2010) produziu por mais de cinco décadas de maneira consistente, sendo hoje um nome fundamental na reescrita da arte brasileira. Sua produção escapa a definições temporais e estilísticas e, permanecendo à margem do circuito por muitos anos, seguiu deliberadamente na contramão das tendências concretas e conceituais do século XX. O projeto parte dos esforços constantes de reconhecer a importância de artistas mulheres que foram apagadas e esquecidas pela história da arte. Acesso pelo link.

Mulheres Negras e Resistência, de Thamires Fortunato (Foto: Divulgação)

Sarjeta!
Desenvolvido pelo coletivo A Sopa Análises Marginais, formado por artistas independentes do interior de São Paulo, a mostra busca divulgar produções de arte independente de todo o Brasil. Composta por 62 trabalhos divididos em sete categorias – artesanato, grafitti, lambe-lambe, performance, produções audiovisuais caseiras, slam e zine – a exposição tem participação de Jéssica Teixeira, Júlia Motta, Bruna Kury, Barbara Frasson, Bruno dos Santos, Letícia Futurismando, Auá Mendes, Guilherme Lima, Giovanna Torres, Vitor Barbara, Mão Dupla, entre outros. A mostra completa pode ser conferida de forma gratuita e virtual por tempo ilimitado através do link.

Salome (2019), de Bruna Amaro (Foto: Divulgação)

Ninguém Pediu para Eu Fazer Isso, de Bruna Amaro
”Uma espécie de faixa de miss-estandarte”, refere-se a artista ao título de sua primeira exposição individual no Bananal Arte e Cultura Contemporânea. Com 25 obras, sendo uma delas uma instalação em processo, a exposição carrega uma característica barroca, com trabalhos organizados em ordem cronológica e acompanhando as descobertas da artista no campo têxtil, assim como seu aprofundamento em uma pesquisa sobre reprodução de imagem, anonimato festivo e gênero. A instalação é a base para a performance As Papangus, que acontece no fechamento da mostra, 10/4, em que 45 mulheres irão ativar vestimentas e máscaras num cortejo nos arredores do espaço. Curadoria de Julia Lima.

Selva 2 da série Fauna Mix (2021), de Regina Silveira (Foto: Edouard Fraipont/Divulgação)

ÚLTIMAS SEMANAS
Fauna Mix, de Regina Silveira
Como um desdobramento de sua investigação prática, a mostra, em cartaz na Luciana Brito Galeria, discorre sobre as diversas possibilidades de significação e representação da fauna brasileira. Além das peças têxteis, compostas por figuras de animais, destacando algumas de suas partes mais intimidadoras, como garras, bicos, presas e caudas, a individual inclui três grandes impressões digitais sobre papel dentro da mesma temática, propondo interpretações de exotismo que sempre estiveram associadas à nossa natureza. Até 19/3.

Adão, Eva e Luzia (2021), de Luiz Escañuela (Foto: Divulgação)

Não Se Esqueça do que É Épico, de Luiz Escañuela
Para o artista, a mostra é um convite ao resgate em nossas memórias, e na nossa iconografia, das possíveis manifestações épicas criadas na interação das imagens. Reunindo seus mais recentes trabalhos, é por meio da pintura que Escañuela desenvolve nova série, utilizando  sobreposições de figuras e texto numa formação similar a uma colagem. As composições provocam o exercício da especulação poética, em que o espectador ativa sua memória e busca hiperlinks para fazer a leitura das obras. Texto crítico de Victor Gorgulho. Na Luis Maluf Galeria de Arte, até 15/3.

(Foto: Divulgação)

ONLINE
Diálogos da Sociobiodiversidade: Cadeias de Valor e a Questão de Gênero
Oito mulheres que pesquisam a bioeconomia no país, à preservação de conhecimentos tradicionais e à proteção da natureza participam da série de lives promovida pelo projeto ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais ao longo do mês de março. Ao total, são quatro encontros virtuais, sempre às terças-feiras, às 17h, que abordam temas como equidade de gênero, mudanças climáticas, comércio justo e uso de plantas medicinais no Sistema Único de Saúde (SUS). A programação tem início hoje, 8/3, com a live Cadeias de Valor: Promovendo a Equidade de Gênero. Participam do bate-papo Joseane Carvalho Costa e Marta Barbosa. Acesso pelo instagram do projeto.

(Foto: Divulgação)

Programação Especial: Bazar do Tempo
Entre 8 e 29/3, a editora carioca organiza série de conversas gratuitas para celebrar o mês da mulher e seu aniversário de 6 anos. Hoje, 8/3, às 18h30, as autoras de Feminismo no Brasil: Memórias de Quem Fez Acontecer, Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy, se juntam com Benedita da Silva e Maria Betânia D’Ávila, mulheres protagonistas das lutas feministas no país, para conversar sobre a obra, que parte de depoimentos de figuras como Sueli Carneiro, Hildete Pereira de Melo, Schuma Schumaher, entre outras, para evidenciar os bastidores das lutas das feministas do país nas décadas de 1960 a 1980. O livro também reúne seleção de imagens que narram o percurso dessas mulheres, dos protestos nas ruas e assembleias, reuniões e ocupação do Congresso Nacional. Mediação de Aline Midlej. Ao longo do mês de março, a Bazar do Tempo realiza outros encontros com grandes nomes. Confira a programação completa no link. Acesso pelo YouTube da editora.

Still de Mãe de Todas as Lutas, de Susanna Lira (Foto: Divulgação/Curta!On)

CINEMA
Curta! e o Curta!On — Clube de Documentários
Hoje, 8/3, a partir das 20h, o canal transmite uma seleção de documentários sobre grandes mulheres e suas trajetórias. As produções abordam questões do feminismo e da luta por direitos: entre os destaques, está o longa-metragem Lina Bo Bardi, atração inédita e exclusiva tanto na TV quanto no streaming. Além deste, podemos conferir a capítulo da série Matizes do Brasil sobre a artista plástica Neide Sá, Instantes Cruzados, que aborda a obra da fotógrafa Ana Carolina Fernandes, o longa Respire Comigo – Lygia Clark, sobre a escritora e muito mais.

(Foto: Divulgação)

LITERATURA
Viver uma Vida Feminista
Neste livro, escrito por Sara Ahmed, são apresentadas duas figuras que servem para aprofundar a análise sociopolítica sobre o papel do feminismo na América Latina. A partir de vivências pessoais, a autora se coloca como feminista em diferentes esferas do cotidiano – como professora, mãe, filha e lésbica – com de criar um repositório comum de estratégias para resistir as manifestações estruturais – institucionais e cotidianas – do sexismo, do racismo e de outras formas de marginalização. Ubu Editora, 448 págs., R$99.

Oficina Maracatu Baque Mulher Rio de Janeiro (Foto: Baque Mulher/Divulgação)

INSCREVA-SE
Programação Cultural no Museu do Pontal
A instituição dedica suas atividades, de 8 a 21/3, a mulher e a luta antirracista. Diversas oficinas são oferecidas como O poder das ervas, com Mãe Celina de Xangô; Bebê Abayomi; Maracatu Baque Mulher Rio de Janeiro; Jongo da Serrinha; Cerâmica; e Dança Afro. As seis exposições em cartaz – “Novos Ares! Pontal Reinventado” – também oferecem obras e jogos interativos para todas as idades, como o jogo digital interativo de danças brasileiras, em que o participante aprende passos de frevo, jongo, carimbó, chula ou funk. Inscrições pelo Sympla. Entrada gratuita.