icon-plus
Os Contemporâneos - Brasilfuturismo (2022), d’O Bastardo [Foto: Divulgação]
Postado em 19/04/2022 - 3:20
Agenda Para Adiar o Fim do Mundo | Abril Indígena (19 a 27/4)
Agenda especial reúne eventos culturais que acontecem na semana do 19A
Da Redação

Contramemória
Ailton Krenak, Carmézia Emiliano, Denilson Baniwa, Daiara Tukano, O Bastardo, Adriana Varejão, Raphael Escobar, Bertone Balduino, Ana Elisa Egreja, Lídia Lisbôa, Mídia Ninja e Val Souza estão entre os artistas participantes da exposição no Theatro Municipal de São Paulo, que também reúne peças selecionadas do Acervo Modernista do Centro Cultural São Paulo. Com curadoria de Lilia Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro, a mostra promove uma acareação entre as obras de artistas indígenas, negros, trans e mulheres, de diferentes gerações, e as esculturas acadêmicas, as pinturas de inspiração europeia e a arquitetura rebuscada do Theatro Municipal, propondo uma “contramemória” ao ambiente cultural da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no mesmo local, 100 anos atrás. “O movimento tinha a intenção de varrer o passadismo – combater o darwinismo racial ainda em voga, assim como o parnasianismo literário e o academicismo artístico. No entanto, passado um século, fica evidente o perfil de classe, gênero, sexo e raça que uniu os participantes, nesta que foi uma semana de arte moderna em São Paulo e não de São Paulo”, defendem os curadores. O Bastardo apresenta uma pintura que relê a fotografia oficial da comissão organizadora da Semana de 1922, retratando Jaider Esbell, Gilberto Gil, Jaime Lauriano, Carollina Lauriano, Taís Araújo, Lázaro Ramos, Ayrson Heráclito e ele próprio (no lugar de Oswald de Andrade, à frente). “Nessa obra, reescrevo o passado-presente, pois o futuro é nosso. Essa é a imagem que quero semear e cultivar no imaginário popular quando o assunto for ‘semana de 22’. Na pintura, trago algumas das pessoas que pra mim sintetizam brasilfuturismo”, escreve o artista. Até 5/6. 

Retrato de Lia de Itamaracá (Foto: Divulgação)

ABERTURAS
Ocupação Lia de Itamaracá
Amanhã, 20/4, o Itaú Cultural abre a mostra dedicada à cantora de cirandas dos anos 1960, que quebrou os padrões da tradição deste gênero passando do improviso para a interpretação. Com estilo marcante, a cirandeira inclui em seu repertório outras manifestações populares e é tida como a artista que levou essa música para os diversos brasis e o mundo. A exposição é formada por três eixos temáticos: Sal, que revela a trajetória de sua carreira; Som, sobre musicalidade e tradição e Sol, formado por diversos elementos e conquistas de Lia, que ultrapassa as barreiras do som marcando presença, também, no cinema e na moda. Curadoria de Alessandra Leão, Michelle de Assumpção e equipe do Itaú Cultural. Entrada gratuita. 

(Foto: Divulgação)

ABRIL INDÍGENA
Museu das Culturas Indígenas (MCI)
A cidade de São Paulo está prestes a receber novo espaço de cultural: o MCI, localizado ao lado do Parque da Água Branca, é gerido pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari) – Organização Social de Cultura, em parceria com o Instituto Maracá, associação sem fins lucrativos, que tem como finalidade a proteção, difusão e valorização do patrimônio cultural indígena. Trata-se de um novo conceito de museu, que nasce da proposta de uma gestão compartilhada construída ao longo do tempo por meio da experiência, com o objetivo de fortalecer e ampliar o protagonismo indígena em todas as etapas, dimensões e aspectos do trabalho a ser desenvolvido. O artista Denilson Baniwa faz parte da Comissão Artística e Curatorial do MCI, que também conta com Tamikuã Txihi, Xadalu Tupã Jekupé, Gustavo Caboco e Aislan Pankararu, artistas que são responsáveis pelas exposições inaugurais e mostras que estarão presentes no espaço.

Lixeiras criadas pela artista Maria Fernanda Paes de Barros, no Parque Bruno Covas

Projeto Kulá
O curador Marc Pottier e a artista Maria Fernanda Paes de Barros levam, a partir de hoje, 19/4, às margens do rio Pinheiros arte, tradição e impacto social. Barros apresenta uma lixeira que propõe outro olhar para os objetos dos espaços públicos e, ao mesmo tempo, ”traz para a cidade a presença da cultura indígena, reafirmando sua importância na sociedade e abrindo espaço para o pensamento sobre as relações entre os diferentes povos e culturas”, como escreve o curador. As peças são desenvolvidas pelas artesãs da etnia Mehinako da aldeia Kaupüna, localizada no alto Xingu. No Parque Bruno Covas.

Monte Roraima. Fronteira Brasil e Guiana. Parque Nacional do Monte Roraima. Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Estado de Roraima (2018), de Sebastião Salgado (Foto: Divulgação)

Ciclo de debates – Exposição Amazônia, Sebastião Salgado
O Sesc Pompeia realiza, de 19 a 21/4, ciclo de debates sobre a situação dos povos indígenas no Brasil com a participação do fotógrafo Sebastião Salgado, lideranças indígenas, ativistas e especialistas. A abertura acontece hoje, 19/4, às 20h, com uma conversa entre o fotógrafo, Davi e Dário Kopenawa sobre a situação dos indígenas diante da invasão do garimpo e devastação da floresta amazônica nestes 30 anos da demarcação da terra Yanomami. No dia seguinte, quarta-feira, 20/4, Biraci Brasil, Francisco Pyiako e Wewito falam sobre os indígena no Acre e conflitos gerados com construção de estradas que cortam a região. O encontro acontece na Área de Convivência, às 20h. Para encerrar a programação, quinta-feira, 21/4, às 18h, Salgado, Beto Marubo, Sydney Possuelo e Tiago Moreira debatem acerca das populações indígenas isoladas e do recente contato com outras comunidades. Os encontros são gratuitos e também serão transmitidos ao vivo pelo youtube da instituição youtube.com/sescpompeia.

 Rolê 22 – Encontros Artísticos
O projeto coletivo realiza série de eventos em torno dos diversos 22 deste ano e as pautas descoloniais relativas ao Brasil. A abertura acontece dia 23/4, com um Ritual de Cura, às 18h, com anciões Nhimbopyrua da Aldeia Tapirema, Kunhã Djupia da Aldeia Nhamandu Mirim, Mirim Aldeia Tapirema e Kunhã Dju da Aldeia de Tabaçu Reko Ypy; às 19h, uma conversa online entre Itamirim, Auá Mendes, Juão Nyn e Edgar Kanaykõ Xakriabá, e apresentação musical de Kae Guajajara. Transmissão a partir da Aldeia Tabaçu Reko Ypy (em Peruíbe, SP). Outras duas rodas de conversa acontecem em 13/5 e 24/6.

Isael Maxakali e Sueli Maxakali (Foto: Divulgação)

Cinema Indígena na TVE
O canal baiano apresenta, durante o mês de abril, filmes e documentários inéditos sobre as lutas e contribuições dos povos originários sobre esse momento histórico no Brasil. O grande destaque é o filme inédito Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa!, que vai ao ar na terça-feira, 26/4, às 20h30. A obra de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero apresenta a luta do povo indígena que, desde a chegada dos colonizadores, têm lutado para sobreviver e ter o direito à terra que sempre ocuparam. A TVE vai apresentar também filmes da mostra Amotara – Olhares das Mulheres Indígenas, que tem como objetivo dar visibilidade à produção audiovisual de mulheres indígenas brasileiras, por meio da partilha de experiências com as cineastas indígenas. O documentário baiano Brasil Tupinambá encerra a programação em 28/4, às 20h. Confira a programação completa pelo link.

Vista de escultura da série Corte Seco (2021), de Paulo Nazareth, na 34ª Bienal de São Paulo (Foto: Divulgação/Levi Fanan)

EM CARTAZ
Itinerância 34a Bienal de São Paulo
O programa de mostras itinerantes da Faz Escuro Mas Eu Canto chega à primeira cidade. Até 12/6, o Centro Cultural Vale Maranhão e a Casa do Maranhão, em São Luís (MA), sedia recortes da mostra a partir do enunciado Retratos de Frederick Douglass e conta com a participação dos artistas Alice Shintani, Arjan Martins, Daniel de Paula, Frida Orupabo, Neo Muyanga, Noa Eshkol, Paulo Kapela, Tony Cokes, Beatriz Santiago Muñoz, Daiara Tukano, Deana Lawson, Gustavo Caboco, Jaider Esbell, Paulo Nazareth, Uýra e Victor Anicet. Além de São Luís, mais oito cidades brasileiras e duas no exterior recebem partes da 34B este ano, como Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campos do Jordão (SP), São José do Rio Preto (SP), Belém (PA), Fortaleza (CE), Juiz de Fora (MG), Santiago (Chile) e Paris (França).

The Figure as Dominant Scaled, de Alice Quaresma (Foto: Divulgação)

Glorious Spell of Sobriety, de Alice Quaresma
Apresentando o desdobramento mais recente da sua pesquisa na construção de imagens, a artista utiliza ferramentas digitais em suas fotografias intervindas com pintura para criação de NFT’s. Quaresma procura criar qualidades sensoriais e interativas em suas obras por meio do uso de tinta, lápis, fita adesiva e bastão a óleo, criando intervenções geométricas sobre fotografias autorais, desconstruindo a imagem e trazendo características da pintura para a fotografia. Agora, com o uso das mídias digitais a artista insere elementos visuais e animação expandindo a narrativa na construção das imagens. Na CASANOVA, até 30/4. 

INSCREVA-SE
Pemba: Residência Preta
Com curadoria do professor e doutor em artes visuais Igor Simões e do curador e antropólogo Hélio Menezes, o programa de pesquisa, intercâmbio e criação em artes visuais do Sesc é uma etapa do projeto Dos Brasis: Arte e Pensamento Negro, que tem como proposta a pesquisa, fomento e difusão da produção artística intelectual e visual contemporânea afro-brasileira. Entre maio a agosto, o Sesc promove encontros online semanais com os agentes culturais selecionados, abordando temas como Histórias da Arte, Curadoria e Raça na Arte Brasileira, Os Educativos como Plataforma de Pensamento sobre Arte e Racialização, Arte Brasileira, Racialização, Dissidências e Mulheres Negras e Arte Contemporânea Brasileira. O programa conta com orientação de Yhuri Cruz, Juliana dos Santos, Rafael Bqueer, Ariana Nuala e Renata Sampaio. Estão previstas ainda aulas públicas com Kleber Amancio, Diane Lima, Rosana Paulino, Denise Ferreira da Silva, Rosane Borges, Castiel Vitorino, Renata Bitencourt e Renata Sampaio. Inscrições pelo link.

 Residência na Floresta
A EAV Parque Lage está com edital aberto até amanhã, 20/4, destinado a uma dupla formada por um artista e crítico de arte. A instituição propõe um período colaborativo expandido de vivências na Floresta Nacional da Tijuca, com o total de R$20.000,00 (vinte mil reais) para custeio de suas diárias de investigação, produção de textos, fotos e vídeos e total manutenção do projeto. Inscrições pelo link. 

Registro de Turmalina 18-50 (Foto: Divulgação/Stephany Lopez)

TEATRO
Turmalina 18-50
O espetáculo refaz os caminhos percorridos por João Cândido, líder da Revolta da Chibata, como forma de celebrar sua história e combater o apagamento de sua memória, promovido pelos brasis oficiais. O espetáculo relembra os abusos sofridos pelos marinheiros negros até a primeira década do século passado, exalta a Revolta da Chibata, marco na luta por igualdade racial em nosso país, denuncia o esquecimento intencional a que esta revolta e suas consequências foram submetidas e apresenta a vida de João Cândido, um herói nacional pobre e esquecido, incógnito na Baixada Fluminense. Espetáculo da Cia. Cerne, no Teatro Laura Alvim. Até 8/5, sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h. R$ 20.