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Postado em 04/09/2012 - 7:17
Bienal na cidade
Nina Gazire

A 30ª Bienal de São Paulo se expande para além do Ibirapuera e chega a diversos museus e instituições da capital

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Being Different (Why is She so Different?) 1970-1986- Anna Oppermann

A Bienal para além do tradicional Pavilhão Cicillio Matarazzo. “Não é, necessariamente, a cidade de São Paulo que precisa da Bienal, mas a Bienal que precisa da cidade”, afirmou o curador Luis Pérez-Oramas a cerca de 300 jornalistas e profissionais da área artística que ocuparam o auditório do Porão das Artes durante a coletiva sobre a abertura 30ª Bienal de São Paulo

Com uma configuração inédita, o maior evento das artes no Brasil ocupará simultaneamente outros pontos diversos da capital paulistana, com intervenções urbanas, performances e exposições. “A Bienal é o sexto maior evento da cidade, atraindo mais pessoas do que o carnaval e a Fórmula-1”, explicou Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal que para a edição deste ano capitou 22,4 milhões de reais, 20% a menos do que em 2010 quando teve o orçamento de 28 milhões. 

Com o tema “A iminência das poéticas” a curadoria comandada por Pérez-Oramas, que também é curador de arte latino-americana do MoMA, escalou 111 artistas, cuja parte das obras foram comissionadas e feitas em parceria com o SESC-SP especialmente para essa edição e que posteriormente farão uma itinerância por unidades do SESC no interior do estado de São Paulo. “Ainda estamos em negociação com alguns museus do Brasil que tiveram visitação expressiva durante a última edição”, completou o curador.

Diferentemente da edição passada, que teve a curadoria liderada por Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, a proposta do curador venezuelano concentrou as atividades paralelas como encontros e seminários fora do espaço expositivo que tem suas obras organizadas em constelações, ou seja, as obras estão alinhadas por suas afinidades poéticas e eletivas. Nesse sentido, muitos artistas ganharam espaço para apresentar não apenas um único trabalho mas a sala com inúmeras obras que possuíssem um eixo contínuo. “É preciso deixar de lado a ideia de que a arte se concentra no objeto material e com um fim em si, mas que  arte é um campo de derivas, discursos, sobrevivência e vozes que traçam um mapa conceitual”, defendeu Pérez-Oramas.

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Manto da Apresentação, de Arthur Bispo do Rosário

Dentre os destaques póstumos, estão as salas dedicadas aos expoentes do happening como Bas Jan Ader e Allan Kaprow. O público poderá também conferir grande parte do acervo de Arthur Bispo do Rosário, dentre estandartes, objetos e o consagrado Manto da Apresentação. A fotografia também está representada pelos alemães Horst Ademeit, Anna Oppermann e pela brasileira Sofia Borges, que diferentemente da ideia de fotografia como possibilidade narrativa dialogam com a impossibilidade de apreensão da realidade através da associação de imagens desconexas ou pelo acúmulo e repetição. Borges, por exemplo, apresenta imagens fotografadas do museu de História Natural de Bruxelas que retiradas do seu contexto e associadas a outras imagens perdem o sentido documental. “Estou tentando trabalhar a impossibilidade de narrativa das imagens, trabalhar a ideia de ausência”, explicou a artista. 

Mas apesar da fotografia ocupar um espaço de relevância no terceiro andar, definitivamente, a ênfase em suportes não foi escolha intencional do curador, que durante a coletiva afirmou categoricamente que os meios na arte contemporânea são acima de tudo consequência da necessidade de expressão do artista. “Alguns sentem suas urgências pela fotografia, outros pelos vídeos e por aí vai. O importante é como se dá vazão a necessidade de expressão”, enfatizou Pérez-Oramas explicando que a eminência poética presente nos mais 2900 trabalhos presentes nesta 30ª edição da Bienal de São Paulo se dá como porta de entrada para processo coletivo e criativo dos artistas presentes na mostra. Esse, por exemplo, é o caso do artista chinês Xu Bing, que ocupará o salão cultural do Museu de Arte Brasileira, na Faculdade Armando Alvares Penteado, cujos os trabalhos expostos foram realizados durante workshop com crianças de escolas do interior paulista e que posteriormente serão leiloados no site do artista. 

Além das atividades paralelas que acontecerão em instituições e museus paulistanos, a coletiva anunciou o lançamento do aplicativo #30Bienal seLecTed – powered by Bloomberg  feito em parceria com a revista seLecT, previsto para o dia 7 de setembro. O app reproduz as 12 constelações curatoriais propostas por Pérez-Oramas e permitirá ao público criar novas constelações por meio da navegação.

30ª Bienal de São Paulo-A eminência das Poéticas
Curador: Luis Pérez-Oramas
Entrada: gratuita
De 7 de setembro a 9 de dezembro de 2012