Uma seleção do que há de mais estranho no quesito rede social
Desde que a Internet se tornou popular nos anos 1990, muito se fala sobre seu potencial de conexão. Hoje, no auge da web 2.0, essa noção de associação por afinidades, contudo, beira as raias da bizarrice
Antes das redes formadas pelos meios de comunicação, nós já vivíamos em redes: cidades, bairros, famílias, e por aí vai. Também é anterior ao fenômeno o fato de nos sentirmos instigados a filtrar os tipos de relações sociais que queremos estabelecer por meio de afinidades.
Mas algumas vezes a organização dada pelas redes sociais digitais parece potencializar os caminhos das pedras de um jeito muito juvenil. Tem-se a sensação de não termos saído daquela fase adolescente, na qual só queremos andar com nossos iguais, sem dar muito espaço para a diferença. Há quem diga, ainda, que a rede social da internet 2.0 apenas reproduz em um ambiente virtual as estruturas sociais preexistentes.
A plataforma aSmallWorld, por exemplo, é uma rede que só aceita triliardários bem-nascidos, que são obrigados a mostrar o extrato bancário para ser aceitos. A pretensão de aSmallWorld é ser uma versão de um Country Club na web, porém de maneira muito inocente. É muito fácil enganar alguém falsificando dados e saldos bancários na internet, não é mesmo?
De fato, essas características do anonimato e da incerteza nas redes sociais convivem, ao mesmo tempo, com o esgotamento da noção de privacidade e intimidade. Se na web 2.0 ficou mais fácil descobrir o pulo de cerca do namorado, também ficou mais fácil exacerbar as nossas personas: quem nunca entrou em chat e fingiu ser loira e alta que atire a primeira pedra.
As possibilidades lúdicas tornaram-se infinitas e hoje em dia encontramos redes sociais para todos os gostos e vontades. Conheça aqui uma lista do que há de mais estranho no quesito rede social. Se antes “de perto todo mundo era louco”, agora você pode escolher à distância aqueles que têm uma maluquice parecida com a sua. Não se sinta sozinho.
Você acredita que se for um bom menino vai para o céu depois de morrer? Outras mil pessoas também. Elas fazem parte dessa rede social para aqueles que acreditam que existe vida após a morte.
Teve um sonho louco na noite passada e não tem coragem de contar para ninguém? A rede permite usar o Twitter anonimamente para desabafar se você não tem dinheiro para ir ao terapeuta. E, claro, fazer amizade com outros sonhadores por aí.
Rede social dedicada a quem gosta de tricô, crochê e bordado. Porém, para entrar tem de mostrar algum trabalho que você tenha tricotado. Boa sorte!
Quantas vezes você trocou o silicone? Não tem dinheiro para aumentar seus seios? Essa é a rede social para quem já fez ou quer fazer alguma cirurgia plástica.
Rede social para quem gosta, quer ser ou é fã de filmes de zumbis.
Essa é só para quem já morreu. Se você perdeu algum ente querido pode registrá-lo nesta rede. Funciona como uma espécie de obituário digital em tempo real, em que também é possível compartilhar experiência sobre a dor do luto.
Você prevê o futuro? Vê fantasmas? Esta é uma rede social só para médiuns, videntes e paranormais.
Rede social só para quem gosta de hamsters. Sem mais comentários.
Uma rede social que pretende ser um pub virtual. Por meio de webcams pessoas se reúnem para beber e falar sobre cerveja. Só é permitida a entrada de maiores de 18 anos.
Para aquelas que são chegadas em caras de bigode, ou para aqueles que querem cultivar um. Bigode hoje é coisa de hipster.
*Publicado originalmente na edição impressa #4. Imagens: reprodução.