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Postado em 31/05/2013 - 1:27
Caixa de surpresas
Paula Alzugaray

A China é o tema do nosso mergulho da edição #12, já nas bancas

Capa Select 12_baixa

Legenda: A seLecT #12 chega às bancas no comecinho de junho.

China não é só o país onde tudo atinge a dimensão de megaescala. Não é somente o maior território, palco do crescimento econômico mais sensacional, com os maiores índices de densidade urbana e de poluição. Nem tão somente o maior importador de vinho tinto do planeta, ou o líder do mercado de arte mundial pelo terceiro ano consecutivo, com vendas que em 2012 somaram US$ 5.068 milhões (em um Mercado global de US$ 12.269 milhões), segundo a Artprice. Para além de todos os clichês de grandeza, a China é um território de oposições. Desde sua cultura do controle – que inibe a liberdade de expressão e o acesso à internet –, até a explosão da moradia e da economia informal, a China é palco de extremos que convergem. Caixa de surpresas, o gigante asiático nos leva a rever nossos paradigmas. Desapegue-se, por exemplo, de tudo o que você pensa sobre a relação entre inovação e cópia. Na arte contemporânea, na arquitetura ou na moda, os chineses mostram-se céticos sobre a ideia convencional de original versus cópia. Em meio à sua profusão de cidades clonadas e de “mercados ching ling”, a China lidera o discurso sobre a cultura da cópia como legítima e necessária geradora da criatividade.

Conheça o design original chinês! Ele existe! Quem garante é Aric Chen, curador do museu de cultura visual M+, entrevistado por Mara Gama. Mesmo em defesa da inovação, o curador não menospreza a cópia e polemiza: “A ideia de que copiar é ruim é uma herança comercial e legal da economia industrial”. Na indústria da moda e do luxo não é diferente. Marcelo Bicudo, especialista em branding e autor da Coluna Móvel desta edição, afirma categoricamente: “Ser copiado é bom. A cópia só se desenvolve se a marca for fortemente desejada pelos consumidores”.

O desafio à originalidade também é uma questão cara à arte contemporânea chinesa. Como aponta a consultora arte asiática Peifen Sung, em texto produzido especialmente para seLecT, o artista Xu Zhen lançou mão do próprio nome para adotar como identidade a marca “MadeIn” e abdicar do mito do artista como criador onipotente. E como nada se cria, tudo se reinventa, esta edição sobre a China vem dar mais uma volta à chamada da capa número 1 de seLecT, em que decretamos “Abaixo a originalidade”.