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Postado em 13/05/2015 - 4:39
Casa Daros fecha as portas
Luciana Pareja Norbiato

Sede da Coleção Daros Latinoamerica encerrará atividades no Rio de Janeiro no fim de 2015

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Legenda: Vista aérea da suntuosa Casa Daros Rio, que custou R$ 83 milhões e consumiu seis anos para ser restaurada

Quem poderia imaginar que, dois anos após uma abertura badalada em um megaespaço suntuoso, na esteira dos projetos de revitalização do Rio de Janeiro e da abertura do MAR, a Casa Daros Rio fosse anunciar o encerramento de suas atividades ligadas à coleção Daros Latinoamerica para o fim do ano corrente? Mas foi o que aconteceu nesta quarta (13/5), numa coletiva que reuniu o presidente do Conselho da Coleção Daros Latinamerica, Christian Verling, o diretor artístico da Coleção, Hans-Michael Herzog, e o diretor da Casa Daros, Dominik Casanova, para anunciar os rumos da sede e da coleção no Brasil. À seLecT, falou com exclusividade Christian Verling.

As razões alegadas para o encerramento das atividades no Rio foram o reposicionamento das exibições da coleção focando o público internacional e a dificultação das operações. 

“Ao longo desses dois anos, elas foram se tornando cada vez mais complicadas e caras. O custo para trazer de fora as obras da coleção foi ficando muito alto, além de sofrermos com o aumento da burocracia nos trâmites, como a alfândega e as exigências crescentes quanto a seguros, o que também aumentou os valores”, explica Verling. A crise atual, com o aumento do dólar, piora o quadro.

Apesar de Verling declarar que a Coleção Daros Latinoamerica “está orgulhosa da visiblidade que a coleção adquiriu na cidade do Rio”, os números de visitação são bastante modestos: desde abril de 2013, quando abriu as portas com a exposição Cantos Cuentos Colombianos, a Casa Daros recebeu apenas 225 mil visitantes, e o recorde foi a exposição de Julio Le Parc (56 mil visitantes). Para se ter uma ideia, só a exposição de Ron Mueck no MAM Rio, recorde de público, bateu a visitação total da Casa Daros no fim de semana antes de seu encerramento. Nomes consagrados atraem mais público, e com um perfil voltado para a produção contemporânea da América Latina, com muitos artistas ainda desconhecidos, a coleção exige alguma formação e informação do público.

“A coleção vai focar atividades internacionais. Os artistas latino-americanos que a integram merecem esse reconhecimento”, diz Verling. “Se nos mantivéssemos ativos aqui, correríamos o risco de ficar nos repetindo. E não quer dizer que a coleção não será mais exibida no Brasil, elacontinuará a ser exposta nas instituições brasileiras.”

O endereço que a Casa Daros ocupa não deve ficar ocioso. Se para a compra do prédio de mais de 11 mil metros quadrados, tombado pelo município em 1987, foram gastos R$ 16 milhões, só em seu minucioso restauro outros R$ 67 milhões foram consumidos ao longo de seis anos (2007-2013), o que atrasou em muito a abertura. Verling confirmou que a instituição já está buscando sócios para manter atividades no prédio. “Estamos em negociação com diversos possíveis parceiros, que fariam a gestão do local como plataforma cultural.” Pela incipiência das tratativas, ainda não há dados mais concretos sobre como – e se – isso vai acontecer.