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Éden (2014/2015), de Sergio Lucena (Fotos: Marcio Fischer)
Postado em 16/05/2016 - 10:27
Cinco elementos
As pinturas atmosféricas de Sergio Lucena entram em sua última semana de exibição na Galeria Mezanino
Paula Alzugaray

O céu é elemento central na vida do sertanejo do Nordeste brasileiro. O sol inclemente, balizador dos humores e força insuperável nos ciclos da natureza, deixou marcas profundas na pele, no caráter e no trabalho do pintor paraibano Sergio Lucena.

O artista passou longo tempo de sua trajetória pintando a paisagem revelada pela luz do sertão. Até 2005 se concentrou na leveza e na dureza dos encontros entre céu e terra, entre céu e água, das terras onde cresceu. Desde então, a escolha pelo formato vertical dos suportes indicou um caminho de ascensão: da figuração da paisagem em direção à abstração etérea.

Paisagem que santifica a terra onde nasci (2016), de Sergio Lucena
Paisagem que santifica a terra onde nasci (2016), de Sergio Lucena

Em 2014, essa movimentação do olhar para o alto atingiu o ápice na tela “Éden” (2014/2015), que nas palavras da crítica Julia Lima em texto para o catálogo da individual do artista na Galeria Mezanino, em São Paulo, chega a um “estado absoluto de vibração tonal e luminosa”.

Somos tentados a acreditar que na obra de Sergio Lucena a figuração seja a terra, e a abstração seja o ar. Mas os títulos de suas telas quase monocromáticas não nos deixam enganar. Elas continuam afirmando a paisagem, se referindo ao ar, à terra, à agua, ao fogo. Mais que tudo, ao elemento místico, presente em todos os anteriores.

Paisagem como vislumbre cultivado nos vales (2016), de Sergio Lucena
Paisagem como vislumbre cultivado nos vales (2016), de Sergio Lucena

“Paisagem Que Santifica a Terra Onde Nasci” (2016); “Paisagem Como Vislumbre Cultivado nos Vales” (2016); “Paisagem Como Enigma” (2016) e as outras tantas paisagens da mostra “É Como o Vento”, devolvem ao corpo a condição de fragilidade diante do céu e da terra; e colocam o artista em torpor em relação aos mistérios da vida.

Serviço
Galeria Mezanino
Rua Cunha Gago, 208 – São Paulo
Até 21 de maio
De terça-feira a sábado, das 11h às 19h