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Postado em 23/04/2014 - 5:53
Círculo mágico
Guilherme Kujawski

Rosângela Rennó participa da 18ª edição do Projeto Respiração, iniciativa da Fundação Eva Klabin

Rosangela Rennó - Esquerda São João Evangelista- Itália- Séc. Xvii - Centro- Madona Dos Meninos Travessos- Itália- Séc. Xvi - Direita- Esquife De Gato- Egito

Legenda: Rosangela Rennó – esquerda: São João Evangelista, Itália, século 17; centro: Madona dos Meninos Travessos, Itália, século 16; direita: Esquife de Gato, Egito antigo (foto: Divulgação)

O Projeto Respiração, sob a batuta do curador Marcio Doctors, vem desde 2004 promovendo intervenções no acervo de arte clássica da Fundação Eva Klabin, formando orbitais híbridos: uma ponte entre 50 séculos de história da arte e as manifestações contemporâneas. É muito provavelmente a plataforma expositiva mais experimental e desafiadora das artes visuais no Brasil.

Recentemente, os artistas Marcos Chaves (artista responsável pelo ensaio A carnavalização das ruas, publicado na edição #17), Claudia Bakker e Ernesto Neto perpetraram intercessões estéticas – umas sutis; outras nem tanto – em pratarias inglesas, porcelanas indianas e poltronas francesas do século 18 (leia mais sobre essas intervenções no texto A casa é sua, publicado na edição #16 da seLecT).

Agora chegou a vez de Rosângela Rennó, artista mineira interessada nas questões da memória, realizar o seu remix. A 18ª edição do projeto apresenta a exposição Círculo Mágico, na qual Rosângela desloca dezesseis objetos da coleção, destacando-os com o intuito de neutralizar o que Doctors chama de “anestesia do olhar”, fenômeno recorrente em tempos de excesso de informação (a etimologia da palavra anestesia é a mesma de estética, aisthēsis; portanto, anestesia seria algo “anti-estético”, algo que cancela o processo de percepção sensorial; leia mais sobre o conceito no texto curatorial).

Para destacar essas peças, Rosângela Rennó criou uma iluminação especial e produziu textos que estarão em aparelhos áudio próximos às obras. A voz e a luz serão controladas por pequenos dispositivos eletrônicos acoplados a discretos sensores de presença. “O clarão do conjunto harmonioso nos cega em relação ao específico de cada objeto. E é exatamente a ideia da singularidade que cada objeto carrega consigo que é a matéria sobre a qual Rosângela Rennó desenvolve sua intervenção”, afirma o curador.

Serviço:

Abertura: 26 de Abril, às 16h (vai até 29 de Junho de 2014)

Horários: Terça a domingo, visitas guiadas das 14h às 18h

Onde: Fundação Eva Klabin, Av. Epitácio Pessoa, 2480, Lagoa, Rio de Janeiro