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Postado em 08/09/2019 - 2:35
Conceito da biologia norteia Mostra Rumos 2017-2018
Exposição coletiva no Itaú Cultural reúne 17 trabalhos selecionados pelo edital de fomento às artes ao redor do conceito de autopoiese
Luana Fortes

Itaú Cultural apresenta até 3 de novembro deste ano a exposição O Tempo das Coisas, com uma seleção de trabalhos escolhidos pelo edital Rumos em 2017-2018. Dos 109 projetos selecionados na edição, 17 compõem a mostra, que tem como eixo norteador o conceito de autopoiese.

Criado pelos biólogos chilenos Humberto Maturana (1928) e Francisco Varela (1946-2001), o termo refere-se a sistemas autossuficientes e baseia-se na ideia de que há uma circularidade essencial na natureza dos organismos vivos. Aplicado ao contexto de uma exibição de arte, autopoiese é encarado na mostra a partir de uma abordagem sobre ciclos culturais de silenciamento, violência, opressão e também de resistência e encontro.

Dos 17 trabalhos da mostra, nove puderam se adaptar a um contexto expositivo e estão apresentados nos pisos 1 e -1 do instituto, enquanto os outros consistem em espetáculos, shows, debates, mostra de filmes e oficinas, que acontecem ao longo do tempo.

Entre as obras em exibição está uma videoinstalação feita por Brígida Baltar com Jocelino Pessoa, que reúne toda a sua produção fílmica. Nos vídeos é possível reconhecer alguns trabalhos de Baltar que até então eram expostos como fotografia e desse modo mostram processos de construção, ganhando novas camadas de leitura. 

Dois trabalhos de regiões bastante distintas abordam a relação de comunidades de lugar com vigor ambiental. O projeto VerdeVEZ do piauiense Maurício Pokemon já teve diversas momentos e ações construídas com as pessoas da área ribeirinha Boa Esperança (PI), ameaçada por um projeto de modernização e urbanização que pretende retirar muitas famílias de suas casas e afastá-las do contato direto com o Rio. Já a videoinstalação em dois canais Acerca da Terra [sic], da carioca Elisa Pessoa, mostra uma viagem aos pampas gaúchos e modos diferentes da agricultura, passando pela biológica, biodinâmica e pela familiar. 

Um outro destaque da exposição é o espaço ocupado pela coletivo familiar De Pernas Pro Ar, do Rio Grande do Sul, que mostra máquinas feitas para manifestações cênicas. Construídas a partir de objetos descartados em ferro-velho, cada uma delas combina materiais peculiares, robótica e programação. O grupo fará demonstrações performáticas de como usar as máquinas ao longo do período expositivo, mas se já quiser dar uma olhada, eles estão publicando uma série de vídeos que mostra o processo de construção de cada uma delas. Veja aqui!

Serviço
O Tempo das Coisas – Mostra Rumos 2017-2018
Até 3/11
Itaú Cultural
Av. Paulista, 149 – São Paulo
itaucultural.org.br