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Obra do indiano residente na Inglaterra Anish Kapoor, à venda na SP-Arte por 750 mil libras (cerca de R$ 3,3 milhões)
Postado em 11/04/2015 - 12:56
Crise e oportunidade
Expectativa de crise cai no terceiro dia da SP-Arte; feira segue até domingo (12) no prédio da Bienal
Gustavo Fioratti

Aquela que estava sendo chamada de “a feira da crise” não fez jus ao apelido. O dólar em alta e o humor do mercado prometiam ao menos uma leve depressão nas negociações realizadas durante os cinco dias da SP-Arte, que prossegue até domingo, 12.

Oito galeristas ouvidos pela seLecT, no entanto, pintaram um panorama mais otimista e afirmaram: o comprador não está ausente.

“Não estamos nem no topo da montanha e nem no fundo do poço”, disse à seLecT Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora da SP-Arte. Ela estima que 10% do público vai à feira para fazer compras e 90% vê no evento uma oportunidade de lazer cultural e educativo. Em outras palavras, a formação de público também pode impulsionar o mercado depois que o evento se encerra.

O galerista Flavio Cohn, da Dan Galeria, conta que os três primeiros dias da feira quebraram o clima de apreensão. Segundo ele diz, o volume de suas negociações no primeiro dia do evento, aberto apenas para convidados, colecionadores e curadores, “foi muito próximo da movimentação do ano passado”.

Para Eliana Finkelstein, presidente da ABACT e sócia da galeria Vermelho, o comprador está mais parcimonioso na hora da compra, “escolhendo mais a dedo para fazer sua aquisição”, diz. “Sinto que está todo mundo bem focado”, comenta, em uma tentativa de explicar um possível, mas tímido, pé no freio.

O maior vilão, a bem da verdade, foi a alta do dólar, que passou de R$ 2,6 nos primeiros dias do ano para cerca de R$ 3, valor desta sexta (dia 10). Algumas galerias acabaram adotando uma medida preventiva para estabilizar os valores de obras de artistas brasileiros que praticam preços na moeda americana.

Segundo uma galerista, muita gente acabou praticando na feira o valor do dólar a R$ 2,8. Esse foi o caso, por exemplo, de um quadro de Delson Uchôa, precificado em US$ 80 mil dólares pela galeria Zipper, mas à venda por R$ 224 mil, com um desconto de quase R$ 15 mil no ato da conversão.

Os valores em reais das obras que são importadas, no entanto, não podem ser menores do que aqueles que o câmbio determina. Feitosa lembra que, por lei, os preços na moeda nacional devem ser determinados pela cotação praticada no dia do pagamento.

Segundo Jordy Mayoral, diretor da Mayoral Galeria D’Arte (Espanha), a alta do euro e do dólar não assustou a clientela. “A minha impressão é de que estamos um pouco melhor se comparada esta edição com a do ano passado”, afirma. Em seu estande, há um móbile de Alexander Calder à venda por US$ 2,5 milhões.