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Postado em 17/04/2014 - 7:29
Curvas e peles
Guilherme Kujawski

Exposição no MAR procura revelar a influência mútua entre o arquiteto Le Corbusier e a dançarina Josephine Baker

Legenda: Vídeo da exposição Le Corbusier: An Atlas of Modern Landscapes

A exposição Le Corbusier: An Atlas of Modern Landscapes, em cartaz na CaixaForum Barcelona até 11 de Maio, repete o êxito que teve no MoMA no final do ano passado. Os curadores da mostra itinerante não a conceberam com o intuito de apresentar didaticamente as grandes teorias modernistas do arquiteto, mas simplesmente revelar as relações graciosas entre o formalismo de uma arquitetura modernista e uma série de paisagens imaginárias. Portanto, nota-se na exposição, além dos indispensáveis esboços e maquetes, a presença de uma produção pouco conhecida de Le Corbusier: suas obras de arte visual.

Mulheres eram sua poderosa fonte de inspiração: quando esteve na Argélia, ficou fascinado pela beleza de duas meninas no cais, a ponto de levá-lo a preencher um caderno inteiro com desenhos das duas nativas. Outro fato pouco conhecido do artista plástico Le Corbusier foi seu encontro, numa viagem de transatlântico da Europa ao Rio de Janeiro, com Josephine Baker, a célebre cantora e dançarina estadunidense, conhecida como Vênus Negra, alcunha que remete às suas ousadas performances erótico-sensuais, como a Dança da Banana, perpetrada na Paris da década de 1920. Assim como as meninas argelinas, Baker também foi desenhada fartamente pelo arquiteto após o encontro em alto-mar.

Esse é o ponto de partida de Josephine Baker e Le Corbusier – Um Caso Transatlântico, exposição no MAR com obras e documentos sobre o encontro. Os curadores Inti Guerrero, Carlos Maria, Fernanda Nogueira e a artista Ana Maria Tavares perguntam-se no texto curatorial: Não estariam as duas personalidades nutrindo-se mutuamente? É uma tese bastante intrigante… Por exemplo, seria a fascinação de Baker pela “superfície pura” da pele sem adornos uma influência indireta da arquitetura moderna? E, do outro lado, não teriam sido as curvas do Plano Obus, projeto de revitalização da capital da Argélia concebida pelo arquiteto francês, inspiradas na forma do corpo feminino? As respostas podem ser encontradas no Porto Maravilha, Rio de Janeiro, até o dia 17 de Agosto.