A lógica cotidiana é desafiada nos trabalhos de Daniel de Paula, 26 anos. Nascido em Boston e criado no Brasil desde os 4 anos, o artista formado em artes visuais na FAAP busca tirar do conforto as várias camadas da vida urbana, sejam seus elementos utilitários, sejam os funcionários que os conservam. Na individual que abre em junho, três trabalhos dão continuidade a pesquisas prévias, somando a inversão de função como dado novo. “Formalmente, os trabalhos podem parecer díspares, porque um consiste em um poste enorme, o outro é um néon, e o terceiro, uma série mais intimista. Mas todos abordam a forma como o indivíduo negocia e conversa com o espaço ao redor, seja por uma ação mais contemplativa e romântica, seja por uma mais colossal”, diz o artista.
As três obras operam por inversão. O poste, em vez de acender à noite e apagar de dia, faz o contrário. “Isso cria uma relação mais explícita e até poética com a paisagem, evocando o sol.” Já o néon na forma do título da exposição, atrelado a um sensor de movimento, apaga ao captar pessoas se mexendo. Para mudar esses mecanismos automáticos, Daniel criou sensores de função oposta. Com isso, rompe com seus modus operandi e coloca em questão a utilidade das coisas. “Me interessa muito mostrar como, de alguma forma, é possível um indivíduo negociar com uma estrutura rígida, burocrática, que tenta dar conta de uma cidade inteira.”
Objetos de Mobilidade, Ações de Permanência
de 21/6 a 23/8, no White Cube SP
Rua Agostinho Rodrigues Filho, 550, São Paulo
*Selects publicado originalmente na #select18