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Desfile-performance organizado pela grife Daspu em frente ao Masp durante manifestação pró-bolsonaro (Foto: Duda Breda)
Postado em 04/06/2019 - 3:21
Daspu confronta pró-bolsonaros
Grife dedicada a reivindicações de prostitutas desfilou na área externa do Masp durante manifestação do dia 26 de maio
Luana Fortes

Enquanto manifestantes pró-bolsonaro marchavam pela Avenida Paulista em São Paulo no domingo, 26 de maio, a grife Daspu realizava desfile politizado em frente ao Masp. Criada em 2005 pela escritora e prostituta Gabriela Leite, também fundadora do movimento organizado de prostitutas no Brasil, a Daspu atua nos limiares entre moda e ativismo. O nome da grife faz uma paródia com a marca de luxo Daslu, que em 2005 começou a ser investigada intensamente por de impostos e desde então perdeu prestígio.

“A tensão e o confronto com os bolsominions reacendeu novamente as fronteiras que cruzam esses dois mundos, daslu x daspu, luxo-lixo, puta-santa, ativando o que há de mais potente e singular na Daspu: sua promiscuidade de corpos e a afirmação da palavra PUTA”, afirma a pesquisadora Elaine Bortolanza, quem está à frente da grife hoje. Foi iluminando esses confrontos e relações paradoxais que a Daspu aproveitou a manifestação em prol do presidente em exercício para confrontar bandeiras conservadoras de seus apoiadores.

A Daspu realizou no fim de semana do dia 25 uma oficina de costuras criativas destinada a pessoas interessadas na equação promíscua puta + moda. No sábado, o grupo familiarizou-se com a história do movimento de prostitutas e experimentou técnicas de costura e moulage – modelagem feita direto no corpo de modelo ou em um busto – para criação de modelos como calcinhas para travestis e mulheres trans. “A atividade propôs a criação e construção coletiva de peças de roupa para corpos reais e diversos, trazendo discussões sobre os sentidos sociais, estéticos e políticos do “vestir-se de puta”, e de questões de gênero, sexualidade e beleza”, conta Bortolanza. No domingo, a oficina teve início com o compartilhamento de técnicas de maquiagem e beleza e terminou com o desfile-performance. Proposta por Bortolanza, a oficina foi conduzida com Ale Marques e Jhonny Braz, além de contar com a participação de Betania Santos, coordenadora da Associação Mulheres Guerreiras, integrante da ONG Davida. O resultado dos encontros integrará a nova coleção Daspu.

Confira abaixo álbum de fotos com imagens da oficina e desfile aberto da Daspu: