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Rosana Hermann tricota linhas de fuga da obsolescência programada, dando novos sentidos para as fitas cassete
Postado em 19/09/2011 - 8:39
Do cesto de lixo à cesta de tricô
Gisele Beiguelman

Todo mundo conhece Rosana Hermann na web. Atual gerente de criação do portal R7, ela é autora do blog Querido Leitor (especializado em generalidades, como define), e uma das twiteiras mais ativas e influentes do Brasil.

Multimídia no sentido mais pleno da palavra, é mestre em Física Nuclear pela Universidade de São Paulo e começou sua carreira professional no rádio. Sempre escrevendo, migrou para a televisão em 1983 e passou por todas as emissoras abertas. Foi roteirista do Sai de Baixo, da Rede Globo, trabalhou na criação e redação do Pânico na TV e em programas educativos.

Tricota desde os 7 anos. O dia em que soube que a palavra texto vem do verbo tecer (texere, em latim), “foi uma epifania”, diz. “Descobri que as duas coisasque mais gosto de fazer na vida são uma só! Não precisava mais optar por uma favorita”, conta.

Há cerca de dez anos, em um dia de faxina, percebeu que não conseguia jogar fora suas velhas VHS. Incorporou-as ao texto de sua vida. Passou a mão nas agulhas e dali foram nascendo bolsas, chapéus e cachecóis de linhas analógicas. As fitas cassete tiveram o mesmo fim, ou reinício, já que também foram parar na sua cesta de tricô, em vez de ir para o lixo.

“Com a digitalização, as mídias deixaram de ser materiais, tornaram-se arquivos. Pra que ficar convertendo tudo em mp4 e mp3, se eu posso baixar tudo da internet? Tricotando, eu restabeleço essas fitas como matéria, dou a elas um novo sentido”, diz.

 

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