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Postado em 06/11/2013 - 6:22
Entrevista Luis Pérez-Oramas
Paula Alzugaray

Curador de arte latino-americana do MoMA de Nova York fala sobre o acervo do museu e mostras de artistas brasileiros

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Legenda: Luis Pérez-Oramas, curador de arte latino-americana do MoMA NY (foto: Divulgação)

Recentemente, o MoMA realizou mostra de dois artistas brasileiros de diferentes gerações: Lygia Clark e Carlito Carvalhosa. Quais foram as razões e os critérios adotados que justificaram tais escolhas? E qual é a importância de se expor tanto uma artista já consagrada e um emergente?

A seleção seguiu critérios específicos para cada um deles. Em outras palavras, eles não foram selecionados como dois artistas “representantes” da arte brasileira. Eu não acho que o Carlito Carvalhosa seja um artista emergente. Ele é um grande artista, na metade de sua carreira, pertencente a uma geração que ganhou evidência nos anos 1980. Fiquei impressionado com a instalação Sum of Days. Pensamos que no MoMA ela ficaria perfeita no Marron Atrium (parte do lobby Taniguchi). E foi! Carlito continua no caminho de uma investigação que leva a indeterminação das formas e a ideia de “obra mole” para escalas ambientais, transformando o ato de amarrar e dobrar nos fundamentos de um repertório monumental para a linguagem das instalações. Quanto a Lygia, é um eufemismo dizer que ela é a artista brasileira mais influente e complexa da segunda metade do século 20. A exposição será a primeira grande retrospectiva de seu trabalho nos EUA. Vai ser uma grande revelação para inúmeras pessoas, já que a principal contribuição de Lygia Clark engloba tanto uma visão crítica da modernidade em suas linguagens convencionais, como a arte abstrata, bem como a invenção, por meio de suas proposições, de novas formas de expressão. Nesse sentido, ela era uma clássica artista revolucionária do modernismo tardio, e alguém fundamental para os artistas que hoje estão envolvidos com performance, arte relacional e produção coletiva.

Você acha que as aquisições de arte brasileira pelo MoMA têm aumentado na última década?

Elas têm aumentado exponencialmente. Temos, agora, uma das melhores coleções de arte concreta e neoconcreta nos EUA, mas também temos acrescentado ao acervo artistas do final dos anos 1960 e 1970, a partir da década de 1980 e 1990, bem como artistas emergentes. Infelizmente, a estrutura física do Museu só nos permite mostrar 10% ou menos da coleção total, fato que irá mudar significativamente, assim que o novo espaço da galeria seja completado na parte oeste do prédio, um projeto que provavelmente vai começar no próximo ano.