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Postado em 02/03/2015 - 6:11
Fala, Marina Abramović
Paula Alzugaray

Leia uma entrevista exclusiva da artista sérvia à seLecT sobre sua curadoria para o evento no Sesc Pompéia

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Legenda: Marina Abramović por Nabil Elderkin

Por que a performance de longa duração é o tema principal desse projeto curatorial?

Após 40 anos de minha prática como artista de performance, entendi que o trabalho de longa duração tem o mais transformador efeito sobre o performer e o público, ao mesmo tempo. O conceito do meu instituto é apresentar o trabalho de longa duração em muitos campos, incluindo arte, ciência, tecnologia e espiritualidade. Como apresentamos pela primeira vez o instituto no Brasil, é adequado realizar uma curadoria só de performances de longa duração.

Como foi a pesquisa para selecionar os artistas brasileiros?

Consultei alguns curadores, galeristas e artistas brasileiros para me dar nomes de profissionais de performance. Encontrei-me com um grande grupo de artistas, conheci seus trabalhos, fiz entrevistas. Depois disso, fiz uma seleção de oito nomes que penso poderem melhor representar o trabalho de longa duração em diferentes formas, cada um com uma abordagem própria.

Os trabalhos selecionados trouxeram surpresas? Quais?

Fiquei surpresa com a intensidade e o carisma dos artistas e sua relação com a sua própria cultura. Eu também fiquei surpresa com a originalidade de suas ideias. Mas não quero focar qualquer artista em particular nesta entrevista, antes de o trabalho ser executado. Uma coisa é o conceito, mas temos de lembrar que essa exposição dura dois meses. Nós ainda temos de ver em cada artista sua resistência, força de vontade e foco para concluir o trabalho até o fim. Só então poderemos falar sobre qual trabalho nos surpreendeu. Não podemos falar sobre algo que ainda não aconteceu.

A partir de sua pesquisa sobre o assunto, como você avalia o estado da performance de longa duração no Brasil?

Esta exposição que estou curando é uma experiência. Não existe exatamente esse tipo de trabalho de longa duração no Brasil. O que estamos tentando aqui é fazer trabalhos específicos e aumentar o tempo deles, para ver como podem mudar e se desenvolver ao longo de um processo que dure.

*Entrevista publicada originalmente na edição #22. Compõe a reportagem O toque da curadora