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Postado em 21/08/2014 - 4:12
Festa estranha?
Luciana Pareja Norbiato

Realizada na terça, 19/8, Festa Panorama do MAM apostou em imersão artística com performance de Chelpa Ferro, que dividiu a opinião do público

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Legenda: André Milan, Sandra Cinto e Leda Catunda (fotos: Paulo D’Alessandro)

Em balada num museu, pode-se esperar tudo. Na Festa Panorama, realizada nesta última terça, 19/8, não seria diferente. Não só pela mescla divertida de boa porção do PIB paulistano com celebs em geral e nomes da cena artsy – artistas, curadores, galeristas e jornalistas – mas também pelo próprio conceito desta edição, a segunda, assinado por Cacá Ribeiro e pelo coletivo carioca Chelpa Ferro (veja galeria de imagens).

A ambientação era vibrantemente conceitual, com caixas de ovos que forravam as paredes iluminadas por leds coloridos, ganhando aparência de arquitetura cult. Em totens, fileiras de ovos verdadeiros completavam o efeito cênico. Na entrada, uma instalação com lasers vermelhos criava um ambiente futurista imersivo.

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Legenda: Camila Siqueira, Gustavo Von Ha e Eduardo Leme

A lista dos presentes ia desde Regina Pinho de Almeida, Cleusa Garfinkel e Marina Person até Eduardo Leme, Eliana Finkelstein, Marcia Fortes e Alessandra d’Aloia, Gustavo Von Ha, o casal Sandra Cinto e Albano Afonso, sem falar no staff da casa, como o curador do MAM Felipe Chaimovich, e Magnólia Costa, que conversava animada com o empresário da noite Facundo Guerra, sócio de Cacá Ribeiro no Lions Club.

“É a professora Magnólia”, dizia Guerra, ex-aluno da relações institucionais do MAM, que leciona história da arte. Ela estava a bordo de um belíssimo Lino Villaventura de veludo.

“Eu estou de Blue Marine”, declarou à reportagem de seLecT uma das patronesses da festa, Cleusa Garfinkel. Animada, brilhava da cabeça aos pés  no vestido de brocados e paetês gigantes em tom pérola. Mais original e democrática, Leda Catunda não teve pudores ao dizer onde comprou seu modelo em bordado branco: “Vim de China. Fui fazer uma residência lá e voltei super bem-vestida”. Quem em nossos dias nunca usou um modelito made in China?

A moda estava em alta também para Paula Azevedo, socialite que coordena atualmente o Núcleo Contemporâneo do MAM, responsável pela balada que levanta verba para a exposição bienal da instituição, o Panorama da Arte Brasileira. A bordo de um modelo Yves Saint Laurent, explicou que a festa não queria só entreter, mas trazer uma experiência de arte, característica das atividades do grupo que encabeça no museu.

“Assumi em janeiro e ganhei de presente esse evento para fazer. Não sei fazer festa, então convidei o Cacá Ribeiro, amigo de longa data do meu marido (o empresário Geraldo Rocha Azevedo), e ele entrou como apoiador, cuidou de toda produção. Minha vontade era que a festa tivesse vida, que fosse um acontecimento contemporâneo. É uma experiência Chelpa Ferro do começo ao fim, desde a instalação da entrada até a música, que pode ser um pouco perturbadora, mas é uma experiência. É uma festa de qualquer grande museu do mundo.”

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Legenda: Luiz Zerbini durante performance do Chelpa Ferro

Foi na performance de Chelpa Ferro que o mundo artsy se dividiu do jet set. Enquanto o primeiro curtia as distorções eletrônicas, as microfonias arrancadas das guitarras e uma base de peso, que eram mais performance e menos entretenimento, teve gente que torceu o nariz. Provocação saudável em um evento produzido por um museu – ou não, com convites custando R$ 1,2 mil? Ding Musa falou: “eu adoro o Chelpa Ferro, acho o máximo, mas não sei se o povo tá gostando”.

“O melhor comentário que eu ouvi até agora foi: ‘nossa, que festa ótima, mas tinha que ter menos exposição’; mas não fui eu, eu curto”, disse, rindo, Eder Chiodetto. Depois da apresentação do coletivo carioca, a festa teve uma evasão razoável, mas nada que não acabasse em samba – e rumba, e salsa, e ragga e afrobeat, ritmos executados pelo DJ Dany Roland. Até Barrão, integrante do coletivo, se jogou na pista de piso vibrátil, sem contar Sandra Cinto, Ricardo Trevisan, Cleusa Garfinkel e Regina Pinho de Almeida, animadíssimos.

Sem entrar em números, já que os convites foram vendidos “até o último minuto”, Paula Azevedo declarou que “em termos de arrecadação, a festa é um sucesso”. Ao que tudo indica, com performance sonora inusual e tudo mais, o próximo Panorama da Arte Brasileira já está com as contas pagas, ao menos em boa parte.