Peifen Sung, editora internacional da Harpers Bazaar Art China – e uma de minhas companheiras de maratona de arte na semana da Frieze New York, de 10 a 13 de maio –, me perguntou qual era meu método de visita em feiras. Eu disse a ela que a cada feira adoto uma nova ótica, que pode variar a depender, por exemplo, do tema de capa da próxima edição de seLecT. Ou de algum projeto curatorial em que esteja envolvida. Em qualquer caso, o método é o mesmo, já que os processos de seleção editorial do conteúdo da seLecT são bastante similares aos da pesquisa curatorial.
Embora a próxima edição da seLecT tenha a China como tema, o trabalho asiático que mais me chamou a atenção é de autoria de um artista coreano, Do Ho Suh. Apresentado pela galeria Lehmann Maupin, “Wieland. 18, 12159 Berlin” (2011) foi realizado durante residência em Berlim. Trata-se de uma réplica em tamanho natural de três corredores do apartamento que o artista viveu na Alemanha. Pelas mãos de Suh, a arquitetura europeia oitocentista da casa ganha contornos precisos e delicados confeccionados em tecido transparente. O apartamento de Berlim dá sequência a uma série de vários espaços arquitetônicos carregados de significados pessoais, que foram replicados pelo artista.
O deslocamento de arquiteturas é um tema reincidente na feira deste ano e esteve implícita, inclusive, na curadoria de Cecilia Alemani para o Frieze Projects (leia entrevista): em Cockpit, da artista Marianne Vitale, que se apropriou de dois fragmentos de um edifício do norte do estado de NY, e em FOOD, a mítica obra-restaurante de Gordon Matta-Clark.
Fora do espectro asiático, se destacaram para mim duas obras performáticas. “Linda”, de Daniel Firman, no stand da galeria Perrotin, de Paris, e a incrível “Ann Lee”, de Tino Sehgal, na Marian Goodman, que dedicou todo seu estande a essa performance desconcertante interpretada por meninas de 8 a 12 anos. Para uma visitante brasileira, a presença de obras de artistas brasileiros – em galerias nacionais e internacionais – é outro foco de atenção inevitável e permanente.
A seguir, um select de Frieze (fotos de Bia Ribeiro e Paula Alzugaray):


