Postado em 17/01/2013 - 5:21
Imagens de escape
Livro experimental do fotógrafo Mauro Restiffe registra bastidores da exposição Planos de Fuga
Imagem clicada por Mauro Restiffe para o livro-obra Planos de Fuga-Um livro em obra.
Como um narrador de Bioy Casares, Mauro Restiffe confunde os limites entre obra, produto e pesquisa de artista Em 1945, quando escreveu o livro Plano de Fuga, o escritor argentino Adolfo Bioy Casares expunha, ainda que de maneira fictícia, a perversidade do sistema penal e sua ligação com a pesquisa behaviorista de um lunático carcereiro que desenvolvia métodos de controle mental duvidosos.
A experiência narrativa do livro de Casares, que expande os limites entre personagens, espaços e vozes, serviu de inspiração para a exposição homônima que esteve em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até janeiro, em São Paulo. Onze artistas participaram do projeto curatorial comandado por Rodrigo Moura e Jochen Volz, com obras adaptadas para o espaço, ou interferindo diretamente na arquitetura do edifício originalmente sede do Banco do Brasil.
Ao fotógrafo Mauro Restiffe coube a missão de criar uma narrativa sobre a exposição Planos de Fuga. Único artista da coletiva a não interferir ou participar com uma obra no espaço expositivo, o trabalho de Restiffe assemelha-se a um diário de bordo experimental: um híbrido de livro e catálogo, um romance imagético, composto de fotos em preto e branco, em que se torna difícil separar o que é a exposição, os processos de montagem e a obra do fotógrafo.
Intitulado Plano de Fuga: Um Livro em Obra, o trabalho faz um registro quase psicogeográfico do entorno do edifício. Imagens das cercanias do CCBB-SP, com seus transeuntes sempre com pressa, entre os edifícios do antigo centro financeiro da cidade. A granulação da fotografia analógica, assinatura do artista, contribui também para essa sensação de transposição de fronteiras entre obra, trabalho inacabado e processo artístico, elementos inseparáveis do conceito curatorial da mostra.
